Cota
0090.000.049
Tipologia
Texto de Análise
Impressão
Dactilografado
Suporte
Papel Comum
Autor
Comité Director do MPLA
Data
1967 (estimada)
Idioma
Conservação
Razoável
Fundo
Imagens
3
Acesso
Público
*[Carimbado: CONFIDENCIAL]
Proposta para
Discussão nas Reuniões do Comité Director
a) A Direcção da Luta deve passar para o Interior
b) A minha concepção de Trabalho no Exterior
I
1. A golpes da audácia, com dedicação e com excepcional sentido do cumprimento do dever patriótico, por parte da maioria dos militantes e dirigentes, o MPLA deu um salto qualitativo ao instalar na Primeira Região e na Terceira Região uma guerrilha dirigida por si.
2. No exterior, este facto deu nova confiança na organização; no interior o entusiasmo que se vive permite entrever novas perspectivas. Os militantes da organização exultam pelos êxitos obtidos.
3. Este é o momento de darmos mais um passo decisivo. Esse passo será: A Direcção no Interior! As estruturas fundamentais da Organização no interior!
II
4. Já pertencente ao passado a ideia de um Comité Director acotovelando-se nos estritos «departamentos» de um Bureau no exterior.
5. Neste momento, e antes do próximo Congresso, a Direcção deve manter no exterior apenas três membros distribuídos por Kinshasa, Brazzaville e Lusaka.
6. Brazzaville, considerada sede provisória, deve transformar-se em Centro principal da Informação e o seu trabalho de comportar:
a) A secretaria Central de Informação no Exterior com:
I - Equipa para as emissões da Rádio,
II - Tipografia
III - Laboratório fotográfico.
b) O Centro das Radiotelecomunicações
c) O expediente corrente da secretaria e a ligação com o Mundo exterior incluindo o controle dos estudantes e estagiários e a mobilização para a luta dos quadros no exterior.
d) A ligação entre a Primeira Região e II Região, o Depósito de material e o Internato Quatro de Fevereiro.
e) A distribuição orçamental e do equipamento para as Primeira e segunda Regiões.-
III
7. Face à orientação idêntica em todos os países africanos perante o fenómeno da descolonização (que passou a ser uma pura moda política) devemos corrigir a orientação que nos levará a aproximar-nos mais dos chamados “progressistas”. Sendo mais africanos devemos estabelecer e manter contacto com todos os países, incluindo os mais reaccionários.
8. Contudo, devemos manter a ideia de que, no nosso planeta, a base de apoio segura são os países socialistas e neste momento, em especial a URSS.
9. Devemos rever a forma de contacto com os países africanos e outros. A forma mais adequada parece-me ser a de Centros de Informação e não a de “Representações”. Os futuros responsáveis desses Centros, devem vir do Interior. Os “representantes” actuais devem ir para o interior.
10. Devemos combater a formação de um corpo de diplomatas profissionais, carreiristas, sem ligação com a luta directa do nosso povo. Deve haver limite para o trabalho no exterior.
IV
11. Devemos esforçar-nos por realizar no interior e logo que possível, o I Congresso do nosso Movimento. Tal Congresso deve ser precedido da realização de Conferências Preparatórias ao Nível Regional. A Comissão Preparatória do Congresso deve ser estabelecida em novas bases.
12. A meu ver, o Congresso deverá, entre outras coisas:
I. Reexaminar as estruturas, adoptando uma orgânica partidária
II. Rever o programa da Acção do Movimento
III. Definir a orientação para esta fase da luta
IV. Reestruturar a Organização Militar
V. Estabelecer a Organização Civil para as populações sob o controle nacionalista
V
13. Devemos preparar a nossa Organização para uma luta prolongada (sem cairmos na moleza oportunista). Devemos preparar-nos para passar da fase da luta anti-colonial a luta anti-imperialista através da qual possamos resolver os problemas do tribalismo e do regionalismo e realizar enfim a nossa Revolução Nacional e Democrática.
14. No interior, temos de estrangular a contra-revolução, decididamente. A acção exterior deve completar esta.
15. Devemos combater o oportunismo de direita que tem tendência a aceitar como normal a situação neo-colonial. O mais importante neste momento, não é preparar dossiers para a discussão com o colonialista, mas mobilizar o povo e dar-lhe as armas política e ideológica necessárias para o longo combate.
VI
16. O CIR deve funcionar em três Seccões, sempre no interior.
17. As escolas Primárias devem funcionar no interior, com excepção do Internato Quatro de Fevereiro e talvez um Internato a criar na Zâmbia.
18. O Centro de Estudos Angolanos deve funcionar reorganizado, junto de um dos Centros de Informação (Brazzaville, Dar-Es-Salaam) ou no interior.-
*[Manuscrito por Lúcio Lara: VII
Os “dossiers” e as tend[ências] perniciosas pª a negociação
Fev. 1967]
Proposta para
Discussão nas Reuniões do Comité Director
a) A Direcção da Luta deve passar para o Interior
b) A minha concepção de Trabalho no Exterior
I
1. A golpes da audácia, com dedicação e com excepcional sentido do cumprimento do dever patriótico, por parte da maioria dos militantes e dirigentes, o MPLA deu um salto qualitativo ao instalar na Primeira Região e na Terceira Região uma guerrilha dirigida por si.
2. No exterior, este facto deu nova confiança na organização; no interior o entusiasmo que se vive permite entrever novas perspectivas. Os militantes da organização exultam pelos êxitos obtidos.
3. Este é o momento de darmos mais um passo decisivo. Esse passo será: A Direcção no Interior! As estruturas fundamentais da Organização no interior!
II
4. Já pertencente ao passado a ideia de um Comité Director acotovelando-se nos estritos «departamentos» de um Bureau no exterior.
5. Neste momento, e antes do próximo Congresso, a Direcção deve manter no exterior apenas três membros distribuídos por Kinshasa, Brazzaville e Lusaka.
6. Brazzaville, considerada sede provisória, deve transformar-se em Centro principal da Informação e o seu trabalho de comportar:
a) A secretaria Central de Informação no Exterior com:
I - Equipa para as emissões da Rádio,
II - Tipografia
III - Laboratório fotográfico.
b) O Centro das Radiotelecomunicações
c) O expediente corrente da secretaria e a ligação com o Mundo exterior incluindo o controle dos estudantes e estagiários e a mobilização para a luta dos quadros no exterior.
d) A ligação entre a Primeira Região e II Região, o Depósito de material e o Internato Quatro de Fevereiro.
e) A distribuição orçamental e do equipamento para as Primeira e segunda Regiões.-
III
7. Face à orientação idêntica em todos os países africanos perante o fenómeno da descolonização (que passou a ser uma pura moda política) devemos corrigir a orientação que nos levará a aproximar-nos mais dos chamados “progressistas”. Sendo mais africanos devemos estabelecer e manter contacto com todos os países, incluindo os mais reaccionários.
8. Contudo, devemos manter a ideia de que, no nosso planeta, a base de apoio segura são os países socialistas e neste momento, em especial a URSS.
9. Devemos rever a forma de contacto com os países africanos e outros. A forma mais adequada parece-me ser a de Centros de Informação e não a de “Representações”. Os futuros responsáveis desses Centros, devem vir do Interior. Os “representantes” actuais devem ir para o interior.
10. Devemos combater a formação de um corpo de diplomatas profissionais, carreiristas, sem ligação com a luta directa do nosso povo. Deve haver limite para o trabalho no exterior.
IV
11. Devemos esforçar-nos por realizar no interior e logo que possível, o I Congresso do nosso Movimento. Tal Congresso deve ser precedido da realização de Conferências Preparatórias ao Nível Regional. A Comissão Preparatória do Congresso deve ser estabelecida em novas bases.
12. A meu ver, o Congresso deverá, entre outras coisas:
I. Reexaminar as estruturas, adoptando uma orgânica partidária
II. Rever o programa da Acção do Movimento
III. Definir a orientação para esta fase da luta
IV. Reestruturar a Organização Militar
V. Estabelecer a Organização Civil para as populações sob o controle nacionalista
V
13. Devemos preparar a nossa Organização para uma luta prolongada (sem cairmos na moleza oportunista). Devemos preparar-nos para passar da fase da luta anti-colonial a luta anti-imperialista através da qual possamos resolver os problemas do tribalismo e do regionalismo e realizar enfim a nossa Revolução Nacional e Democrática.
14. No interior, temos de estrangular a contra-revolução, decididamente. A acção exterior deve completar esta.
15. Devemos combater o oportunismo de direita que tem tendência a aceitar como normal a situação neo-colonial. O mais importante neste momento, não é preparar dossiers para a discussão com o colonialista, mas mobilizar o povo e dar-lhe as armas política e ideológica necessárias para o longo combate.
VI
16. O CIR deve funcionar em três Seccões, sempre no interior.
17. As escolas Primárias devem funcionar no interior, com excepção do Internato Quatro de Fevereiro e talvez um Internato a criar na Zâmbia.
18. O Centro de Estudos Angolanos deve funcionar reorganizado, junto de um dos Centros de Informação (Brazzaville, Dar-Es-Salaam) ou no interior.-
*[Manuscrito por Lúcio Lara: VII
Os “dossiers” e as tend[ências] perniciosas pª a negociação
Fev. 1967]
Proposta para discussão nas reuniões do Comité Director do MPLA (Confidencial). (Parece ser uma proposta de Agostinho Neto).
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