A Associação Tchiweka de Documentação assumiu a responsabilidade da preservação, tratamento e divulgação do espólio bibliográfico e documental de Lúcio Lara (Tchiweka), constituindo o Arquivo Lúcio Lara um dos Fundos principais do Arquivo da ATD. Para melhor gestão e acesso público, os livros e publicações periódicas, com poucas excepções, foram incluídos na Biblioteca da ATD, sem prejuízo da sua pertença ao espólio de Lúcio Lara.
A parte mais relevante do Arquivo Lúcio Lara é constituída por documentação muito diversa e em grande parte pouco conhecida ou inédita, reunida por Lúcio Lara ao longo de uma vida dedicada à actividade política. Ficam agora mais acessíveis à consulta pública alguns milhares de documentos de tipologia muito variada, nomeadamente correspondência, relatórios, memorandos, actas de reuniões, anotações, fotografias, panfletos e muito mais. A par desses testemunhos de acção política e revolucionária, há também muitos documentos de carácter mais pessoal, sobretudo correspondência e fotografias. No seu todo, é um dos mais importantes conjunto de fontes colocadas ao serviço dos investigadores interessados na luta que pôs fim ao domínio colonial em Angola, mas o seu interesse estende-se a outras regiões e temáticas.
A arrumação, tratamento e inventariação do espólio documental de Lúcio Lara é uma tarefa longe de estar terminada, definindo-se 1975 como primeira meta a alcançar, com inclusão pontual de documentos de 1976, mantendo o foco no período da luta pela Independência. Como é normal em documentação dependente de trajectórias pessoais, nem todas as situações, épocas e regiões estão igualmente representadas. As circunstâncias complexas da luta armada de libertação nacional agravaram esses desequilíbrios, com perdas importantes de documentos. Neste caso, a documentação mais volumosa e diversa remete para os anos em que Lúcio Lara esteve na chamada 2ª Região do MPLA e em Brazzaville. Em contrapartida, a maior parte dos documentos produzidos ou reunidos por Lúcio Lara enquanto esteve na 3ª Região do MPLA (no leste de Angola) perdeu-se no período de transição para a Independência, em 1975, quando estavam a ser transportados com destino a Luanda.
A documentação será colocada à disposição do público no portal da ATD paulatinamente, tanto pela necessidade do adequado e prévio tratamento arquivístico como pelo respeito pela Lei Geral dos Arquivos (2017) em vigor em Angola, seguindo critérios de selecção relacionados com as datas de produção e com o tipo e conteúdo dos documentos. Não há, naturalmente, restrições no que se refere a documentação anteriormente publicada ou difundida, como artigos de imprensa, comunicados, boletins, panfletos, programas e estatutos, relatórios apresentados em reuniões internacionais, documentos de seminários, entrevistas, fotografias, material didáctico etc. O mesmo se aplica a documentos que já tenham sido entretanto publicados em livros, periódicos, produtos audiovisuais e similares.
Quanto a espécies documentais, o Arquivo Lúcio Lara subdivide-se em Documentos textuais, Iconografia, Fotografia, Imprensa e Audiovisuais. Na fase inicial de actividade do portal da ATD, estarão disponíveis documentos textuais até 1969, estando o limite para as restantes espécies dependente do ritmo de trabalho arquivístico e de digitalização.