Documento da JMPLA/Viriato «O serviço do grupo Neto»

Cota
0083.000.017
Tipologia
Texto de Análise
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel Comum
Autor
JMPLA (ala da Cruz)
local doc
Léopoldville (RDC)
Data
Idioma
Conservação
Mau
Imagens
2
Acesso
Público

JUVENTUDE  DO  MOVIMENTO  POPULAR  DE  LIBERTAÇÃO  DE  ANGOLA  J.M.P.L.A/ Viriato.
Boite postale 2636. Léopoldville.

Nº 99/6

O  SERVIÇO  DO  GRUPO  NETO

O grupo de Agostinho Neto encontrou refúgio na República do Congo-Brazzaville desde 1963 depois de ter dividido, de ter intrigado e corrompido e calcado a linha política do Movimento e instaurado uma política de tribalismo e de terror no ventre da organização para corresponder o compromisso estabelecido com os portugueses com os quais este grupinho, moralmente português, contactava-os quer no Hotel Memling quer em outros lugares de Léopoldville, e depois de ter transformado as representações do Movimento no exterior em organismos de portugueses aonde estes tinham entrada franca e colhiam informações concretas sobre o Movimento, vinha-se verificando a íntima colaboração com o aparelho colonial português por canal de portugueses com laços de sangue, de longa vida comum, de longa camaradagem profissional com este grupinho.
Este estado de coisas não podendo ser tolerado por aqueles que viam o seu destino ligado intimamente ao Povo, repudiaram e combateram essa política que traia o sacrifício, em sangue e em vida, de milhares e milhares de angolanos e os seus verdadeiros interesses.
A insistência desse grupinho no mau caminho, a sua recusa sistemática na renúncia dessa política «porca», colaboracionista, que visava sacrificar os interesses do Povo em seu benefício levou, além doutros factores, à divisão do MPLA em duas tendências bem distintas: uma em Nacionalista com profunda ligação e simpática do Povo, e outra em reformista, ou melhor em amigos dos portugueses camuflados em “nacionalistas” desligado, repudiado e combatido pelo Povo, (Sozinho da Costa, ex-comandante desse grupo, confirmou essa verdade), mas com PROFUNDA ESTIMA DOS PORTUGUESES os quais propalam nas esquinas de Léopoldville como sendo o “único movimento nacionalista que os portugueses podem dar a independência”, como sendo o “único”, como sendo o “melhor”.

O Agostinho Neto e os seus “capangas” querendo mostrar ao mundo de que “luta” e de que não estão comprometidos, tentaram criar acções que lhes dariam uma aparência de ponte revolucionária, o que foram sempre incapazes por não merecerem a confiança e a estima do Povo porque as razões e os fins da sua luta entram em contradição com as razões e os fins pelos quais o Povo esta disposto a bater-se.
Portanto este grupo não tendo possibilidades de actividades positivas e muito menos decisivas, ou seja não podendo influir, empunham o chicote e a palmatória contra todos aqueles que desordem com a sua política, comete arbitrariedades à semelhança do regime colonial português, aliás, nada é de estranhar porquanto se trata de um grupo formado de filhos de colonos e de negros feitos à imagem dos colonialistas portugueses. Sozinho da Costa, ex-comandante desse grupo, soube revelar ao mundo o que viu e o que foi alvo e soube como responsável desmascarar, meter à nu a política de fumo, da mentira, da aldrabice da grande falsidade da existência de uma faixa de terra ocupada e controlada por este grupinho.
Dentro do capítulo das impossibilidades de actividades positivas, o triste grupinho Neto – este conjunto de assassinos e de portugueses pintados que já deu provas de quanto pode e já mostrou ao mundo a sua verdadeira face – desvairado e furioso por se achar incapaz de corresponder em tempo devido os compromissos estabelecidos, achando que a sua política não tem “saída” e achando que este enfraquecimento é consequência da denúncia feita e que vem fazendo o MOVIMENTO POPULAR DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA ala Viriato por cólera prendeu, sob corrupção das autoridades congolesas, e assassinou dois dos dirigentes dessa ala que são membros do COMITÉ DIRECTOR provisório nascido de uma Assembleia Geral Soberana dos militantes do MPLA que destituiu o Comité de Agostinho Neto eleito pela força de francos e por “corredores”, os camaradas Matias Miguéis e José Miguel (de alta memória) íntegros nacionalistas, reconhecer neles o seu patriotismo e o seu nacionalismo.
Todo o angolano, independentemente do seu movimento político ou simples observador político, não pode deixar de repudiar, condenar essa atitude de ontem repudiada e combatida por todos, e mesmo por este grupo. Este método de liquidação física coincidente com o de Governo colonial português, mostra bem que se este grupo toma o poder em Angola será o continuador da política colonial.

Assim como o governo português não poderá resolver o problema de angola exterminando os angolanos, assim também o grupo Neto não poderá nunca impedir o avanço das forças revolucionárias angolanas que lutam para ajudar o povo a fazer a sua história, a tomar consciência da sua força e da retomada dos recursos naturais da sua terra que devem servir a eles não a outros povos.

O Povo Angolano que há três anos duvidava do carácter e da linha de conduta desse grupinho, hoje os actos concretos provam suficientemente não deixando mais nenhuma sombra de dúvida.

Povo Angolano! Os colonialistas portugueses e os seus agentes não passam e nunca passarão!

Abaixo o grupo Neto! Abaixo os assassinos!

Compatriotas Matias Miguéis e José Miguel vós sereis vingados!


Juventude do Movimento Popular de Libertação de Angola ala Viriato.
*[Carimbo da JMPLA].

 

Léopoldville, 7 de Abril de 1966.

 

Documento Nº 09/66, da JMPLA/Viriato «O serviço do grupo Neto» (Léopoldville)

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