Intervenção do MPLA perante o Comité dos Nove

Cota
0059.000.043
Tipologia
Comunicado
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel comum
Autor
Agostinho Neto - Presidente do MPLA
Locais
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
1
Observações

Foi publicado no 3º volume de «Um amplo movimento…»

Acesso
Público



Lagos, 29 de Fevereiro de 1964

Sr. Presidente do Comité dos Nove,
Srs. Membros do Comité,

Senhores,

As circunstâncias nas quais se tem desenvolvido a luta de Angola pela liberdade apresentam certos factores que devem ser tidos em consideração.
As forças nacionalistas angolanas estão divididas e não podemos descartar ou negar actividade a nenhuma das organizações políticas actualmente existentes. A luta pela liberdade deve ser tarefa de todos os nacionalistas e de todo o povo angolano.
É por isso que o M.P.L.A. (Movimento Popular de Libertação de Angola) está em total acordo com os princípios desta Conferência de Lagos, que procura unificar as organizações nacionalistas de Angola. Mas não podemos ignorar as dificuldades que, em alguns países africanos, atingiram a organização mais representativa do povo - o M.P.L.A. Em certos casos, a rejeição tomou mesmo a forma de restrições graves.
Além disso, nenhuma ajuda financeira ou material tem sido recebida pelo M.P.L.A., quer do Comité de Libertação, quer de países irmãos que anteriormente apoiavam o M.P.L.A. e que agora contribuem para o fundo de Libertação.
Há uma tentativa de sufocar e de destruir o M.P.L.A.
Os acontecimentos já provaram que os argumentos avançados a favor de se ter um único movimento estão ultrapassados, como se prova nos documentos que distribuímos ao Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros em Lagos.
Esta Conferência concordou com a necessidade de unir os partidos angolanos e é por isso que o M.P.L.A. requer ao Comité de Libertação:
1) que recomende aos Estados Membros da O.U.A., e particularmente aos países que têm fronteiras com Angola, que respeitem o M.P.L.A. e lhe garantam liberdade de acção;
2) que conceda ao M.P.L.A. uma parte dos fundos dados aos movimentos nacionalistas angolanos, de acordo com a solicitação feita na primeira reunião do Comité de Libertação em Junho de 1963 (Dar-es-Salaam).
Estamos certos de que tais medidas contribuirão para o estabelecimento da unidade africana pelo facto de tornarem possível uma maior ofensiva contra o colonialismo português; ao mesmo tempo, elas diminuirão o destaque dado a certas organizações nacionalistas que gozam em exclusivo da liberdade de acção e do apoio do Comité de Libertação.

Comunicação de Agostinho Neto, do MPLA, ao Comité dos Nove (Lagos)

A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.

Nomes referenciados