Relatório de Agostinho Neto sobre fronteira de Cabinda

Cota
0059.000.021
Tipologia
Relatório
Impressão
Dactilografado
Suporte
Papel comum
Autor
Agostinho Neto - Presidente do MPLA
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
3
Observações

Foi publicado no 3º volume de «Um amplo movimento…»



RELATÓRIO

A visita aos centros de actividade da fronteira de Cabinda, mostrou em quase todos os locais, a par de alguns casos de indisciplina e de falta de organização, um estado de espírito excelente e o amadurecimento das condições para a luta político-militar.
Porém, nota-se ainda uma certa timidez na constituição de Comités de Acção e na mobilização das populações.
Todos os membros de Caravana, se comportaram bem, com elevado grau de disciplina e de interesse pelas tarefas que se impõem. Há que destacar o trabalho dos camaradas Roque e Ferreira, à altura das suas responsabilidades.
O contacto com as autoridades, foi positivo, não se notando qualquer hostilidade contra o M.P.L.A., ainda que afectadas do habitual paternalismo em relação ao nacionalismo angolano.
As populações contactadas, estão dispostas à luta. Uma aversão sensível contra os actos da U.P.A., se revela e é necessário aproveitar.
É possível opor uma actividade eficaz contra a tendência exclusivista da U.P.A. que, neste sector não pode eliminar facilmente os outros partidos e também porque tem caído em descrédito constante.
É necessário instalar um dispensário do CVAAR na Zona de Ponta Negra.

ORGANIZAÇÃO

Em Ponta Negra, existe um Comité de Acção mais ou menos activo, que inscreveu 222 membros num sector onde os Movimentos de Cabinda têm alguma audiência.
Dez membros contribuem mensalmente com cerca de 3.000 francos mensais, que são destinados às despesas de secretaria.
Há uma Secção da Juventude, mal organizada e sem dirigente. Era necessário enviar a Ponta Negra um camarada que pudesse responsabilizar-se pela orientação política.
Nota-se a necessidade de instalação de um posto do CVAAR em MICONDO, junto da fronteira do Massabi, onde a U.P.A. tem a sua base mais sólida. A distância a que se encontram os postos Sanitários congoleses, justifica a sua abertura.
Há que abrir algumas escolas primárias.
Os militares necessitam de instrução política e geral.

Brazzaville, 7 de Fevereiro de 1964

AGOSTINHO NETO
ass.) Ag. Neto
PRESIDENTE

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ORÇAMENTO

RECEITAS ___________________
Recebemos da Tesouraria 36.200
Empréstimos 21.000
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57.200

DESPESAS ___________________
Gasolina - 300 litros a 3,90 11.700
150 “ “ a 3,75 3.750
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15.450

Alimentação durante a viagem 12.200
" para 2 camad. que ficaram em DOLISIE 3.000
Alimentação " 3 " " " " KIMONGO 3.300
Alimentação " 5 " " " " PENGE 5.500
Alimentação para os camad. em BANGA 1.000
Oferta ao chefe da sanzala de BANGA 500
Oferta à mãe dum camad. 500
Material de secretaria p/ enferm. em P.N. 960
" " campo p/ BANGA 3.365
Cartas de séjour p/ 2 camad. de KIMONGO 1.100
(e passagens de KIMONGO-DOLISIE)
Compra de dois bancos p/ P.N. 600
Passagens de comboio DOLISIE-BRAZZAVILLE 1.950
Pagamento dos trabalhadores que desobstruiram
a estrada de troncos de árvores 1.200
Taxi 200
Extraordinários 4.225
________
Total das Despesas 57.200

Relatório de Agostinho Neto sobre fronteira de Cabinda, tendo em anexo o orçamento (Brazzaville)

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Nomes referenciados