Mensagem do BP do MPLA a Chu en Lai e Chen Yi

Cota
0058.000.069
Tipologia
Declaração
Impressão
Dactilografado (2ª via)
Suporte
Papel comum
Autor
Agostinho Neto - Presidente do MPLA
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2
Observações

Foi publicado no 3º volume de «Um amplo movimento…»

Acesso
Público

 O BUREAU POLÍTICO DO M.P.L.A. A SUAS EXCELÊNCIAS CHU EN LAI Primeiro-Ministro da R.P.C. E CHEN YI Ministro dos Negócios Estrangeiros da R.P.C. MENSAGEM É com grande satisfação que endereçamos aos Altos Representantes da República Popular da China as nossas saudações calorosas e amigas, no momento em que, fazendo uma visita à África, se manifesta mais uma vez a profunda solidariedade que une o Povo Chinês aos Povos Africanos. Ninguém, em África, pôde esquecer que a Conferência de Bandung em 1955 foi uma poderosa Frente anti-imperialista erguida pelos Povos da Ásia e da África contra os inimigos implacáveis da sua independência total. Desde Bandung, os Povos da Ásia e da África acumularam numerosas vitórias contra os seus opressores. Desde Bandung, dezenas de Países tomaram em mão os seus próprios destinos. Contudo, outros Países continuam a combater pela sua independência que os colonialistas insistem em recusar e que os imperialistas cobiçam para dela tirarem proveito. Com esses objectivos, em África como na Ásia, os imperialistas apostam em testas de ferro da sua confiança, que apoiam fortemente, com vista a enganar as massas, desmobilizando o ímpeto revolucionário do Povo e desvirtuando o conteúdo da independência paga a um preço muito elevado. Angola, pela posição chave que ocupa no continente africano, pelas suas riquezas e situação estratégica, também ficou sob a cobiça imperialista cuja primeira tarefa foi a de dividir o nacionalismo angolano. O M.P.L.A., movimento de vanguarda, teve de suportar o enorme peso das investidas imperialistas, as quais não conseguindo impedir completamente o reabastecimento dos nossos partidários através do Congo-Léopoldville, fizeram reconhecer um pretenso “governo angolano no exílio”, de forma a canalizar a solidariedade dos Países amigos do nosso Povo para as forças que eles controlavam, de forma a neutralizar o M.P.L.A., único movimento angolano autenticamente revolucionário. Os planos imperialistas causaram enorme abalo às nossas estruturas, graças à cumplicidade dos seus agentes em Léopoldville; mas eles chocaram contra a firmeza e a determinação dos militantes do M.P.L.A. que continuam a combater não só os colonialistas portugueses mas também todos os que, servindo-se de um pretenso “governo angolano no exílio” ao qual o nosso Povo não concede nenhuma representatividade, pretendem criar desde já as condições para a implantação na nossa Pátria de um colonialismo de tipo novo. A Conferência de Quadros do M.P.L.A., que acaba de encerrar os seus trabalhos, fez uma profunda análise da situação actual face aos transtornos que afectaram a nossa luta e tomou importantes decisões com vista ao reforço da unidade interna, denunciando a ingerência imperialista por via do pretenso “governo” detestado pelo nosso Povo. Foi aliás a nossa Conferência de Quadros que nos impediu de nos deslocarmos a um dos Países irmãos que tiveram a honra de Vos receber, a fim de Vos testemunhar a grande simpatia e a grande admiração que o nosso Povo manifesta em relação ao Povo Chinês e aos seus líderes bem amados. O exemplo da Revolução Chinesa está bem vivo no coração e no espírito do nosso Povo. Os três anos de luta armada fizeram-nos sentir os efeitos abomináveis do intervencionismo americano que transformou o Congo Léopoldville numa base de agressão contra os Povos do Congo, de Angola, das Rodésias e da África do Sul, mas os nossos Povos sairão disso vencedores. Aproveitamos esta ocasião para Vos expressar o desejo do Bureau Político do M.P.L.A. de manter uma conversa profunda sobre estes problemas com os nossos amigos da República Popular da China. Para este fim, o nosso irmão Miguel Baya, membro do Bureau Político, contactará os representantes da R.P.C. no Cairo. Estamos certos que a Vossa estadia em África terá fortalecido a amizade sino-africana, sólido garante de uma firme oposição às investidas imperialistas no nosso continente. Solicitamo-vos que transmitam ao líder bem amado do Povo Chinês, S. Excª. MAO TSÉ TUNG, a amizade e a admiração do nosso Povo, e endereçamo-Vos as nossas calorosas saudações. Em nome do Bureau Político ass.) Ag. Neto Agostinho NETO Presidente do MPLA Brazzaville, 11 de Janeiro de 1964

Mensagem do Bureau Político do MPLA, assinada por Agostinho Neto, a Chu en Lai (Primeiro Ministro da Rep. Popular da China) e Chen Yi (Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rep. Popular da China) (Brazzaville)

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