Carta de Agostinho Neto a Cyrille Adoula

Cota
0048.000.016
Tipologia
Correspondência
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel comum
Remetente
Agostinho Neto - Presidente do MPLA
local doc
Léopoldville (Rep. Congo)
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2
Observações

Foi publicado no 3º volume de «Um amplo movimento…»

MOVIMENTO POPULAR DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA MPLA 51, Avenue Tombeur de Tabora B. P. 720 – Tel. 2452 LÉOPOLDVILLE PRESIDÊNCIA 127/F/PRES/1963 Excelência, Temos a honra de lhe fazer chegar alguns documentos fundamentais do nosso Movimento, submetendo assim à sua elevada apreciação os objectivos da sua orientação. A nossa actividade orienta-se intransigentemente no sentido da libertação de Angola do jugo colonialista e de uma política sincera de unidade com as outras organizações nacionalistas angolanas. Este facto atraiu o apoio de uma grande parte do povo angolano, assim como a consideração internacional para com a nossa linha justa. A luta política e militar e a actividade do MPLA no domínio da Assistência social são bem conhecidas. Foi sob a orientação do MPLA que a luta armada começou a 4 de Fevereiro de 1961, em Luanda, dando assim origem aos acontecimentos do Norte de Angola. Pode-se portanto compreender que não possamos reconhecer a validade do pretenso governo angolano no exílio, pela única razão que, sendo constituído pelos membros de uma coligação UPA/PDA, ele não pode repre­sentar, nem representa, as diferentes correntes de opinião do nosso País. A nossa actividade na República do Congo tem sido desenvolvida de modo a não desmerecer a hospitalidade que nos foi concedida. Contudo, o tratamento dispensado às duas organizações citadas e aos seus membros, leva-nos a crer que o nosso Movimento e os nossos militantes são objecto de uma discrimina­ção por parte do Governo Central. Recordamos, a este respeito, que alguns dos nossos pedidos relacionados com facilidades militares não tiveram seguimento. Os nossos combatentes não têm a necessária liberdade de circulação; são frequente­mente presos e muitas vezes maltratados. As armas destinadas a combater um flagelo que também foi o da República do Congo – o colonialismo – são-lhes confiscadas e nunca restituídas. A nossa luta inscreve-se no quadro de um nacionalismo africano inatacável; a nossa linha política é clara e a disciplina que observamos em relação à ordem estabelecida nesta República é absoluta. Isto dá-nos, pensamos nós, o direito de esperar da parte dos nossos Irmãos da República do Congo a mesma considera­ção, a mesma solidariedade e as mesmas oportunidades que o Governo da República do Congo concede a outras organizações congéneres da nossa. Solicitamos-lhe, Excelência, que envide esforços para que o MPLA possa gozar, na República do Congo, das mesmas condições que as outras organizações políticas – o que tornará mais fácil a nossa unidade e representará, de imediato, um passo precioso para a liquidação do colonialismo em Angola e em África. Certos da atenção urgente que concederá a estes problemas, pedimos-lhe que acredite, Excelência, nos protestos da nossa mais elevada consideração. Em nome do Comité Director Agostinho Neto [com assinatura] Presidente do MPLA Léopoldville, 15 de Março de 1963 [carimbo do Comité Director do MPLA] AM/PT

Carta de Agostinho Neto a Cyrille Adoula, Primeiro-ministro do Governo central do Congo-Léopoldville (Ref. 127/F/PRES/63) (Léopoldville)

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