Carta do CEA a Comité Director do MPLA

Cota
0110.000.016
Tipologia
Correspondência
Impressão
Dactilografado (2a via)
Suporte
Papel Comum
Remetente
CEA - Centro de Estudos Angolanos
Locais
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2
Acesso
Público
CENTRO DE ESTUDOS ANGOLANOS 20, Av. Dunjonchay – ALGER Alger, 13 de Fevereiro de 1969 D/9/69 C.D. do MPLA Caros Camaradas Passou mais um aniversário de desencadeamento da luta armada contra o colonialismo português em Angola. Felicitamos-vos vivamente pelos sucessos obtidos na direcção da luta e saudamos em vos o heroico combate do Povo Angolano, dirigido pelo MPLA. A direcção justa da Luta de Libertação Nacional é comprovada todos os dias e começa a ser reconhecida. Foi com grande satisfação que acabamos de ler nos jornais que a comissão militar da OUA tinha constatado os progressos militares do MPLA, depois de ter visitado Angola. Em carta escrita em 25 de Dezembro último, informamos que o MANUAL DE ALFABETIZAÇÃO e o respectivo GUIA DO ALFABETIZADOR tinham acabado de ser impressos. Nessa data enviamos um exemplar para Lusaka e outro para Brazza e posteriormente alguns exemplares para Dar. Recordamos que este manual foi elaborado em meados de 1965, a pedido do Movimento, e depois enviado para Brazza e mais tarde para Lusaka, para experiência; para a fase de experiência foram feitas fichas de controle de alfabetização para se poderem anotar as suas deficiências e outros elementos úteis. O manual só pode ser corrigido em 1967 devido a indicações fornecidas de Brazza pelo camarada Jorgelino; a partir dos primeiros meses desse ano procuramos obter a sua impressão em Argel, o que só foi conseguido em meados de 1968, tendo ela terminado em fins desse ano. O manual foi concebido para a alfabetização de adultos, sobretudo de camaradas que passariam nas escolas políticas do Movimento. Na sua elaboração foram utilizados um método brasileiro que deu belas provas no Brasil e o método cubano. Em princípios, a alfabetização com este manual deverá durar 2 a 3 meses, sendo de fundamental importância a preparação (que é rápida) de alfabetizadores, como explicamos em cartas escritas em 1965 e 1966 e em conversa com o camarada Dilolwa. Foi com surpresa que vimos há alguns dias um manual de alfabetização impresso em várias cores, acabado de editar pelos serviços escolares do Movimento. Este manual, concebido em ultrapassados métodos pedagógicos, não tem politização. Por isso pensamos que se destina à primeira classe das escolas infantis dos Movimento. Se assim não for, não compreendemos a razão da sua edição e também não compreendemos a razão do nosso esforço na elaboração do Manual definitivo que enviamos em Dezembro. Não temos qualquer notícia sobre a recolha de dados que se tinha combinado fazer em Outubro de 1967. Como os camaradas devem estar recordados, elaboramos naquela data um modelo de questionário para aí em baixo, junto de militantes e da população, se poder fazer um levantamento linguístico, sociológico e económico por cada posto administrativo; assim se conseguiria duma maneira sistemática dados reais, sérios, sobre as diferentes regiões. Esse questionário para recolha de dados, foi elaborado em resposta a uma indicação de trabalhos que devíamos efectuar dada pelo querido e inesquecível camarada Henda. Nas cartas D/73/67 e D/77/67, respectivamente de 17 e 24 de Outubro de 1967, dávamos a nossa opinião sobre possíveis maneiras de fazer o levantamento de dados e enviamos os modelos de questionário para serem ai estudados e possivelmente modificados e para serem impressos ao copiador. Gostaríamos de saber se o inquérito entrou em funcionamento, quais as modificações introduzidas, e se os camaradas já têm dados que possam ser-vos imediatamente úteis e, além disso, nos possam enviar, para depois confrontarmos com outros tirados de livros ou classificar para estudo posterior. No que respeita o nosso trabalho actual, continuamos com a elaboração de fichas de assuntos com dados extraídos das publicações que recebemos. Por outro lado estamos a proceder à remodelação da História de Angola, com vistas a uma eventual impressão tipográfica. Temos também já preparado um caderno de textos políticos em que serão utilizados os textos que fazem parte do guia do alfabetizador e outros que foram elaborados sobre: colonialismo português, independência completa, unidade do Povo, o MPLA. É possível que fique pronto dentro de semanas. Quanto às fichas de informação tratando do distrito que ficou combinado, temos a dizer que ainda não foi possível elabora-las por varias razões: 1) a matéria a tratar é vastíssima; 2) aguardávamos publicações ao estudo do referido distrito; 3) nos últimos meses fomos solicitados para tarefas urgentes: impressão do manual de alfabetização, colaboração no livro de ciências naturais, colaboração em trabalhos no bureau do Movimento; 4) recuperação de atrasos na documentação, motivados por interrupções do trabalho normal e chegada de jornais com o atraso de cinco meses. As condições agora são um pouco melhores. Vamos recomeçar o trabalho das fichas de informação e procuraremos acaba-las por volta do fim de Março. Caros Camaradas, foi com enorme satisfação que vimos o balanço das perdas infligidas aos colonialistas portugueses pelo MPLA, durante o ano findo. O avanço da Luta de Libertação Nacional dirigida pelo MPLA começa a ser evidente, mesmo no estrangeiro. Aqui nota-se cada vez maior admiração pelo Movimento. Ao iniciar-se mais um novo ano de luta, desejamos-vos a continuação dos sucessos na direcção da luta do Povo Angolano pela sua libertação do colonialismo português e pela independência completa. Recebam, caros Camaradas, as nossas fraternais SAUDAÇÕES REVOLUCIONÁRIAS P´la Direcção
Carta do Centro de Estudos Angolanos (D/9/69, Argel) ao Comité Director do MPLA, sobre Manual de Alfabetização
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