Comunicado de Guerra do MPLA nº 88/69

Cota
0110.000.010
Tipologia
Documento militar
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel Comum
Autor
Comité Director do MPLA
Locais
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
5
COMUNICADO DE GUERRA Nº88/68 A presença portuguesa em Angola está seriamente ameaçada pelo desenvolvimento da luta armada, desenvolvida pelo Povo Angolano dirigido pelo MPLA. Esta situação não só preocupa o governo fascista e colonialista português como hoje é já um problema que preocupa toda a colectividade portuguesa em Angola. O governo de Marcelo Caetano tem se preocupado a todo o preço tentar acalmar os ânimos dos colonos que vivem em Angola e dia a dia da insegurança que o avanço da luta do Povo Angolano tem provocado a cada lar português que sente secar aos poucos as raízes da árvore da fortuna que os colonialistas portugueses descobriram em Angola há cinco séculos. Depois que Marcelo Caetano subiu ao poder dois carrascos do governo português se deslocaram já a Angola para afirmar aos colonos portugueses residentes em Angola a decisão dos fascistas portugueses de continuarem a guerra colonial permitindo a continuação da exploração por parte dos colonialistas portugueses ao povo Angolano. Foi assim que num período de dois meses deslocaram-se a Angola o Ministro do Exército José Manuel Betancourt Rodrigues e o Ministro do Ultramar Silva Cunha. Mas nada livrará todos estes fascistas e colonialistas a derrota fatal que o Povo Angolano os infligirá. O Povo Angolano continua desferindo grandes perdas aos colonialistas portugueses. O resultado das acções efectuadas pelos guerrilheiros do MPLA mostram bem o desenvolvimento que se tem operado na luta do Povo Angolano em todos os sectores nacionais. Vejamos algumas das acções efectuadas entre os meses de Novembro e Dezembro em várias Zonas da Frente Leste: MÊS DE NOVEMBRO: Dia 1: - Pelas 7:15 horas os guerrilheiros do MPLA atacaram um com (cont. pág. Nº 3) Dia 4: - Os guerrilheiros do MPLA que se encontravam numa missão de reconhecimento caíram numa emboscada dos soldados inimigos que se encontravam na estrada Timbe-Caiamba. Apesar da cilada inimiga os guerrilheiros conseguiram rompê-la, liquidando três soldados portugueses e ferido um. No mesmo dia, três viaturas colonialistas caíram numa emboscada na estrada Cavungu-Caiamba. As viaturas ficaram completamente destruídas e os colonialistas tiveram grandes perdas em homens e em material. Dia 17: - Os guerrilheiros do MPLA atacaram uma coluna de soldados portugueses que se encontravam numa missão de batida, sendo liquidados cinco soldados portugueses e ferido 11. No mesmo dia os guerrilheiros do MPLA abriram fogo sobre o posto de Caiamba causando baixas do lado do inimigo. Dia 19: - Os colonialistas portugueses que vinham do Quartel de Kakane com a missão de oprimir as populações cumpriram parte da sua missão, ao matar um homem do povo e levaram vivos 7. Feito isso, os guerrilheiros do MPLA perseguiram o inimigo travando com ele um violento combate que resultou a morte de 6 soldados colonialistas e o ferimento de muitos outros. Da nossa parte há lamentar o ferimento de um dos nossos camaradas. Dia 26: Os guerrilheiros do MPLA atacaram o Posto de Lupire pelas 18 horas provocando o inimigo um grande número de mortos e de feridos. Este ataque provocou a reacção imediata do inimigo, que começou a disparar durante 4 dias sem qualquer resultado. Dia 30: - Um grupo de 30 soldados colonialistas, ao atravessar o rio Kuanavale para o Conselho de Ntiengo caiu na emboscada dos guerrilheiros do MPLA, tendo causado 5 mortos e 8 feridos da parte do inimigo. Do lado dos guerrilheiros não houve perdas. MÊS DE DEZEMBRO:- Os guerrilheiros do MPLA em missão de reconhecimento, foram até ao campo de aviação do Posto de Lutembo, onde despedaçaram vidros e lâmpadas do campo de aviação. Os guardas apanhados de pânico, fugiram desordenadamente sem qualquer reacção. Dia 4: - Uma coluna inimiga protegida por 4 helicópteros que vinham com a intenção de detectar os guerrilheiros do MPLA, ao serem vistos os valorosos combatentes do MPLA armaram uma emboscada que liquidou um grande número de soldados colonialistas que tinham acabado de realizar uma das suas bárbaras missões de reprimir as nossas populações. Da parte do MPLA há a lamentar a morte de um camarada e o ferimento de um outro. Dia 5: - Cerca de 8 soldados colonialistas foram mortos a um km do posto de Chiume quando vinham das lavras do Povo onde foram arrancar mandioca. Dia 6: - Os guerrilheiros do MPLA que patrulhavam a fronteira Zâmbia-Angola, verificaram que o inimigo se tinha deslocado para a Zâmbia com o fim de roubar os zambianos. Uma emboscada foi imediatamente armada e ao cair da tarde quando regressavam da sua missão de rapina, foram severamente castigados. Caíram ao terreno 4 soldados colonialistas mortos e dois milícias portuguesas feridos. Os nossos guerrilheiros recuperaram três armas FN, três mausers e grande quantidade de munições. Os artigos roubados pelos bandidos, ladrões desavergonhados, canálias colonialistas portugueses, foram entregues as autoridades zambianas na pessoa do senhor Ministro Maimbolwa Sakubita e o Secretário da UNIP em Kalabo Mr. Masilele. Ainda no mesmo dia um outro grupo do MPLA que actuava num outro Sector, armou uma emboscada a uma coluna de soldados colonialistas aéreo-transportados por helicópteros e descidos na chana do rio Ndengue. Nesta emboscada morreram 23 colonialistas portugueses entre eles um traidor de nome Jeremias Kautiatia “Matambo” ex-guerrilheiro que se tinha entregue ao inimigo em Setembro de 1968 e que ocasionou a invasão de uma das bases do MPLA, condenado pelo Comité Director do MPLA, segundo o artigo 10 alínea h) da lei da Disciplina do Combatente do MPLA no Comunicado Nº41 de 16 Outubro de 1968. Porquanto os soldados portugueses evacuaram todos os seus cadáveres, abandonaram o cadáver do desgraçado traidor Matambo que os guerrilheiros do MPLA encontraram, depois da acção. Do lado MPLA não houve perdas. A noite do mesmo dia pelas 23 horas os guerrilheiros do MPLA conseguiram penetrar no Quartel inimigo de Caiamba, provocando cinco mortos e doze feridos. Da nossa parte há a lamentar o ferimento embora sem gravidade de um dos nossos valorosos combatentes. Dia 8: - Um grupo de soldados colonialistas que ia em missão de construir uma ponte sobre o rio Zambeze, caiu numa emboscada tendo sido morto 10 soldados colonialistas e feridos 28. Depois desta acção veio um socorro de soldados misto portugueses e de africanos identificados como tshombistas. Dia 9: - Pelas 10 – 15 horas um grupo de soldados colonialistas foi atacado pelos guerrilheiros do MPLA quando atravessava a jangada de Cavungo. Neste ataque perderam a vida 5 soldados colonialistas e ficaram feridos 10. Dia 10: - Pelas 13 – 10 horas, um grupo de guerrilheiros do MPLA atacou uma coluna de soldados portugueses tendo morto 3 e ferido 7. No mesmo dia, num combate feito a um kilometro do posto de Lumbala foram mortos 6 soldados portugueses e feridos 10. Não houve casualidade da parte dos guerrilheiros do MPLA. Dia 13: - Duma acção combinada de um campo minado e de uma emboscada, fez com que duas viaturas fossem completamente destruídas e 10 soldados fossem mortos e 16 feridos. Dia 15: - As milícias do MPLA armaram uma emboscada na estrada de Jimbe para Cabinda. Desta emboscada resultou a destruição de duas viaturas e a morte de 5 soldados colonialistas. Dia 17: - Um grupo de guerrilheiros do MPLA, atacou uma serração da Industrial do Cuito Ltda, no Luso. Queimaram-se três tractores com os seus respectivos reboques. Dia 18: - Uma viatura Unimog carregado de 22 soldados colonialistas que se deslocava de Luso para Gago Coutinho, foi posto aos ares por uma mina anti-carro colocada pelos guerrilheiros do MPLA. Os ocupantes da viatura ficaram reduzidos em pó. Dia 19: - Os guerrilheiros do MPLA atacaram um ajuntamento misto de soldados colonialistas, e milícias que se encontrava a trabalhar no campo de aviação do posto de Lutembo. Foram mortos 7 soldados colonialistas e três milícias portugueses. Dia 22: - Pelas 7:15horas um comboio composto de seis viaturas que se deslocava de Gago Coutinho para o posto de Ninda, caiu numa emboscada preparada pelos guerrilheiros do MPLA onde morreram 23 soldados portugueses e 37 foram feridos. Do lado do MPLA não houve casualidades. Dia 23: – 50 viaturas dos colonialistas portugueses há três quilómetros dum Posto de Luvuei tendo morto 29 soldados portugueses e 10 feridos. Dia 2: - Um destacamento dos guerrilheiros do MPLA atacou uma quinta de um colonialista que tinha o hábito de albergar os soldados colonialistas. Nesse ataque os guerrilheiros recuperaram 29 vacas. Dia 3: - Um grupo de guerrilheiros do MPLA atacou um Unimog que vinha do posto de Caiamba tendo morto todos os 15 soldados colonialistas que ocupavam a viatura ficando completamente destruída. Dia 29/12/68: - O inimigo depois de ter destruído casas da população caiu numa emboscada dos guerrilheiros do MPLA, deixando no terreno 11 mortos e 25 feridos. VITÓRIA OU MORTE A VITÓRIA É CERTA O Comité Director do M.P.L.A. Angola, 3/2/69 mm.

Comunicado de Guerra do MPLA nº 88/69 sobre actividades militares de Novembro e Dezembro, na Frente Leste (Angola)

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