Carta de Luís Manuel Filipe ao CD do MPLA

Cota
0103.000.013
Tipologia
Correspondência
Impressão
Dactilografado
Suporte
Papel Comum
Remetente
Luís Manuel Filipe
Destinatário
Comité Director do MPLA
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2
Acesso
Público
Moerbeke, 21 de Março de 1968 Luís Manuel Filipe B.P. 76 MOERBEKE-KWILU *[Manuscrito: O que é a contra-revolução - Material para a Rádio - R26/3/68] Ao comité Director de Movimento Popular de Libertação de Angola MPLA Camaradas, Oprimidos conservamos-nos calados, atentos e firmes à revolução, apesar desarmados a frente deste bandido que hoje pretende criar novas garras que julga erradamente capazes manter o seu apoiou deste povo que mente, rouba e mata há sete anos. O mais surpreendente actualmente, o bandido Holdon Roberto pessoalmente visita o refugiado ao longo da fronteira. Durante a sua viagem que sempre percorreu as noites, visitou as seguintes localidades: Kibentela, Kuzi, Songa-Lutete, Sava e Kimpese, etc; onde não deixou de condenar publicamente, segundo as informações colhidas dos responsáveis dos comités contactados, a política do MPLA. Dentre mil mentiras lançadas ainda disse: na verdade o MPLA é uma organização revolucionária para uma “autonomia” em Angola. Razão pela qual o GRAE mantém a sua posição impossível à uma destas mascaradas unidades com organizações deste género, que só favorecem a presença e a soberania portuguesa em Angola. Desmentindo a existência de frentes armadas do MPLA no interior, trata-se de um termo político usado por este, que não passa de instrumento duma vaga propaganda para mentir a opinião nacional e internacional, para impedir o progresso da justa luta que o povo apoia ao lado da UPA. Bem informados, a sua presença provocou de maioria, várias reacções. A reacção nasce de todas localidades visitadas, protestando nunca ter existido desde início da luta armada angolana a presença do Holdon ao lado de sofrimento de povo. É certo que a cadeira “presidencial” se deve encontrar minada de percevejos ou doutros insectos que inquietam a calma deste bandido que ontem com palavras dominou e roubou o povo, hoje mesmo armado de ser bando dificilmente o rouba... O mais claro para o povo, o resultado destas reacções positivas provêm da verdade e de palavras de ordem do MPLA. Assassinatos: Por terem desobedecido uma missão criminosa destinada à espionagem dos elementos suspeitos militantes do MPLA no interior de Songololo, foram presos três responsáveis de GRAE na madrugada de dia 12 de Dezembro último, e levados quase mortos no “quartel” de Songa-Lutete (PINDI), onde deixaram de viver no mesmo dia. São informações directas colhidas num dos soldados que participou na mesma operação. Para certificar, eis à baixo os nomes dos assassinados: 1. Mateus Pata, Delegado da UPA 2. António Colelela, Comandante militar 3. António Benguela, Professor em serviços de GRAE Em serviço da identificação de GRAE uma delegação de mesmo chefiado pelo Dacosta, encontra-se nos povos da região de Songololo à venda de novo cartão intitulado “A PORTA DE ANGOLA”. Quem não o possuir, a porta de Angola para ele é fechada. Portanto, obrigatoriamente o cartão é vendido a 20K, ou seja, 200Fr congoleses. Ao contrário sofrem amargamente de todas as torturas por eles empregados em nome do “governo”. Para terminar, pedimos ao departamento de informação registar este endereço para envio de comunicados e de outros documentos informativos correntes, para propaganda e encorajamento dos membros que não se deixem enganar. Revolucionariamente V.M. N.B. toda correspondência deve ser expedida em nome de KIASUNDA para que não sejam confiscadas. Através deste nome guardo o meu.
Carta de Luís Manuel Filipe (Moerbeke - Kwilu) ao Comité Director do MPLA, sobre visita de Holden Roberto aos refugiados ao longo da fronteira.
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