Situação da Segunda Região

Cota
0101.000.018
Tipologia
Texto de Análise
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel Comum
Autor
MPLA - Movimento Popular de Libertação de Angola
Data
Fev 1968
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
3
Acesso
Público
SITUAÇÃO DA SEGUNDA REGIÃO A Segunda Região esta passando uma decadência político-militar. Parcialmente o inimigo conseguiu realizar a sua sabotagem. O que para ele considera vitória, derrota passageira para nós. Não queremos tombar em linguagem puramente derrotistas de muitos militantes maduros, dizendo que não se pode fazer luta, esse povo é traidor etc. Porque esses militantes na falta de uma ideologia puramente revolucionária, não conseguiu aprofundar nos problemas mas sim só se baseiam artificialmente nos problemas e levantam criticas banais sem proveito que nunca foram construtivas. Nessa Região desde que o MPLA abriu a Frente, o que ajudou muito levantar o nosso Movimento no campo interno como externo, depois da grande queda de 1963 que sofreu em Léo. No entanto o inimigo procurou sempre meios de sabotar o nosso Movimento, exemplos práticos a entrada do grande traidor angolano ALEXANDRE TATY, e a entrada do seu efectivo em Angola, com o objectivo de lutar contra o MPLA. Ora logo o inimigo reanimou-se nos planos e meteu-lhes nas primeiras linhas da fronteira. Não queremos cair no abismo de condenar totalmente os nossos irmãos Congoleses que há quatro anos estamos no seu solo donde nos receberam com as mãos abertas. Mas somente queria referir dum tal grupo reacionário denominado Comi Revolucionário do Enclave de Cabinda, agentes conhecidos dos tugas que seguem a mesma missão de Taty de sabotagem contra o MPLA, que são guardados aqui nesse País como sede deles em Ponta Negra. Tendo no campo puramente militar, como a nossa guerra é popular quer dizer guerra do Povo, como realçamos, os nossos inimigos fazem tudo para o povo não assistir a guerra popular. Esse é um dos obstáculos maiores da Segunda Região. Tudo mais além podemos realçar que a Região durante a grande estratégia de 1966, de concentração das forças. Foi uma das maiores derrotas militares que a Região sofreu. A Região, desde 1964 mantinha duas zonas em plena actividade. Embora com dificuldades, mas os guerrilheiros já dominavam o terreno. No entanto, com o surgimento da grande estratégia de 1966, concentrou-se, as forças, uma área que mal conhecíamos, tento o terreno como o povo. Logo a nossa chegada, as deserções dos guerrilheiros multiplicaram-se. Logo a primeira infiltração que fizemos, conhecida por Operação Chivovo, sofremos uma alta traição, quando estava a restar um dia para a execução desta grande Operação, sofremos um cerco inimigo, perdemos um camarada e um bom número de material. O bombardeamento de Massabi dando a falha que tivemos, de não atingir os objectivos essenciais. Depois a rede de sabotagem que o inimigo infiltrou na nossa Unidade, abater fisicamente os responsáveis, como não conseguiram de atingir o objectivo, precipitaram-se de fugir e liquidaram o bravo combatente (Bem-Bella). Mas a moral dos combatentes desceu, começaram por revoltarem, mais deserções, etc. Vimos a situação não atava nem desatava, fomos obrigados a recuar. No entanto como os grandes teóricos e estrategas da guerra de guerrilha, afirmaram, uma Unidade de guerrilha, pode possuir várias vitórias, vitórias mesmo consideráveis, as vezes uma única derrota infligida pelo inimigo é suficiente para reduzir a Unidade de guerrilha à zero. Para nós podermos afirmar aqui, dando as dificuldades da Região, essa derrota submergi-nos mais. Ora depois do recuo, reganhamos a zona-A, nos fins de 1966, 8 de Dezembro. Donde conseguimos reganhar o terreno, pelas acções militares, 8-12-1966, 31-12-1966, 9-1-1967, 2-2-1967, e 16-4-1967, sem contar as inúmeras vezes que o inimigo caiu nos nossos campos de minas. Sucede porém um silêncio prolongado do inimigo. Nem mesmo mais passava na estrada que liga os dois quarteis, de chimbete e Sanga Mongo. No entanto já contávamos com uma Operação de grande envergadura do inimigo. Segundo cálculos que tínhamos feito, não havia outra solução de enfrentar com a ofensiva inimiga sem que tomassem uns certos pontos estrangeiros. Mas tal plano só se podia realizar com o crescimento da efectiva. Nós já estávamos com carência de efectivos. Pedimos, não fomos respondidos. Como já esperávamos com a ofensiva inimiga, em 24 e 25 de Abril, o inimigo lançou-se. Fez um cerco ao longo do rio Linhuca, que é a linha da fronteira, e uns entraram de Sanga Mongo em direcção a nossa base. Tentamos resistir, mas segundo informações que se obtinham durante três dias pelos grupos de reconhecimento, assinalavam um cerco total que o inimigo estava a fazer. Assim, abandonamos as posições e recuamos. Tais informações foram mais obtidas de tal cerco inimigo, quando quatro compatriotas angolanos que se encontravam nas fileiras inimigas, desertaram do quartel chimbete. Porém queríamos assinalar do fracasso que a zona sofreu durante cinco meses de crise da fome, Fevereiro, Março, Abril, Maio e Junho de 1967. No dia 3 de Maio de 1967, reorganizamos uma base provisoria, que estava à 500 metros da fronteira, denominada base Mongo. Que tinha por finalidade de reanimar o moral dos combatentes, e revermos os planos futuros. Organizamos o plano denominado, Esquadrão sem medo, em 14/8/67, que tinha como duplo objectivo, operacional e criação duma base no interior. Durante os dias 18, 19, 20 e 21 de Agosto de 1967 infligimos derrotas ao inimigo. Os tugas pararam de circular. Iniciamos com a outra missão da criação da base. O plano foi escolhido, começamos a construção, montamos os postos avançados. Sucede porém no dia 4/9/67, rebenta a revolta dos 18 que não queriam mais avançar, e que iniciou a paralisar o plano. Coincide ainda com a deserção do camarada Mongol no dia 7/9/67 e que paralisa então tudo porque ele desertou no posto avançado, e sabia todos os planos. Não obstante, com essas dificuldades todas, a partir da Base Enérgico, nova Base que substituiu a base Mongol, reorganizamos uma nova ofensiva, que se registrou os combates dos dias 18 e 19 de Outubro o lamentável acidente, de ruinas que caíram os nossos camaradas, donde ficou a valente combatente Maria Castelo «Maria», quando estavam a perseguir o inimigo. Analisando com as estratégias da Região, a Comando, sempre preocupou-se com a reabertura da zona-B donde impulsionamos os trabalhos. Desde o mês de Janeiro, os resultados começou-se verificar a partir do dia 4 de Fevereiro de 1968. Em base de todas essas dificuldades encontradas especialmente na nossa luta aqui em Cabinda, sem se esquecer que essa Frente, foi um laboratório da preparação dos quadros da guerrilha do nosso Movimento, e o seu contributo que hoje muitos deles estão dando em várias Frentes de luta da nossa organização. Lançamos um apelo a todos os militantes conscientes, de participarem totalmente, na acção político-militar afim de salvaguardarmos o prestígio do Movimento, afim de encontrarmos uma resolução de acelerarmos a luta armada nessa Região. Mais uma vez camaradas, lançamos um apelo, que cessemos com as críticas banais, críticas derrotistas, cessemos com os murmúrios de lado, porque isso demonstra a falta de maturidade revolucionária, e só nos leva decadência total. Para terminar, saudamos vivamente todos camaradas que em todas as Frentes do M.P.L.A encontram-se debruçados pela causa nacional. Saudações Revolucionárias Vitória ou Morte A Vitória é certa
1ª Assembleia Regional das 1ª e 2ª Regiões (Dolisie, 22 a 25 Fev. 1968) - Documento do MPLA «Situação da Segunda Região»
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