Tarefas imediatas nos aspectos político, militar e social

Cota
0101.000.015
Tipologia
Texto de Análise
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel Comum
Autor
Rui de Sá «Dibala»
Data
Fev 1968
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2
Acesso
Público
TAREFAS IMEDIATAS NOS ASPECTOS POLÍTICO, MILITAR E SOCIAL. ESTRATÉGIA POLÍTICO-MILITAR Após as aberturas da 3º e 4º Regiões, chega hoje a nossa Organização a uma encruzilhada fundamental da nossa Revolução e realmente um estudo da situação se impunha para adaptação à nova situação criada. A luta armada está ganhando à sua causa grandes massas populacionais, numa velocidade realmente entusiasta; Mas a maioria da massa do Povo, devido a séculos de um obscurantismo colonial encontra-se numa situação de atraso e ignorância. Compete portanto hoje à Organização criar no interior o maior número de escolas possíveis para suprir a essa lacuna. Cabe também a todos os militantes fazer o maior esforço para que em todo lado com ou sem escolas organizadas se ensine ao maior número de gente possível. No campo da higiene, já que os nossos quadros médicos decidiram saltar de especialização em especialização terá o M.P.L.A. de fazer um programa de formação acelerada de enfermeiros que possam enquadrar as populações e os combatentes, difundindo as regras básicas de higiene e prevenção às doenças. No âmbito da produção, através dos organismos de massa iniciar o Povo numa produção, de guerra, colectiva pois certas vezes vivem numa economia de subsistência que não permite alimentar o corpo militar pela inexistência de sobras; essa produção terá de ser selectiva, recaindo os esforços principal nos produtos de maior rendimento e de maior valor nutritivo. Para que a tarefa de defesa das populações, sendo evidentemente uma das obrigações do corpo militar, não venha a ser a sua função única, impedindo-o das suas tarefas ofensivas, é imperioso formar obrigatório a instrução do manejo de armas e organizar a auto-defesa no seio dos núcleos populacionais. Mas para que a Organização esteja ao nível de realizar com sucesso estas gigantescas tarefas é preciso antes de mais nada uma mentalização dos seus quadros, responsáveis e dirigentes, que terão que se convencer que sairão das massas e a elas há que voltar despidos das suas arrogâncias e dos vícios de uma longa estadia no exterior; uma dedicação ao estudo dos problemas Revolucionários em geral e aos do nosso País em particular. Com essas tarefas se encontram no exterior para lá se tem que ir se quisermos vive-los, compreende-los e participar na seu estudo e solução, com simplicidade e modéstia. Nós saudamos por acharmos necessário Conferências como esta, esperamos que na 3º Região uma idêntica se realize, como preparação da Conferência Nacional, que ainda este ano se deve realizar. Angola situa-se no Continente novo, sujeito a milhares de influências e interesses, sendo por isso de uma grande instabilidade, situa-se ainda mais na sua porção Austral onde os apetites desses interesses são mais aguçados. Estas razões e aquelas acima apontadas derivadas da longa estadia no exterior fazem com que não seja demais insistir que hoje se está mais seguro no interior se de facto estamos decididos a contribuir e levar avante a Revolução Angolana. Lutamos contra o inimigo que, controla parte da população, é mais forte em organização, em equipamento, em armamento, no manejo da técnica militar mas sem moral combativa, desconhecedora do terreno pois os seus soldados veem da Europa. Nós pelo contrário somos fracos ainda em organização, somos fracos ainda em equipamento e armamento, nas técnicas e artes militares, mas somos superiores no conhecimento do terreno e muito superior na moral combativa pois sabemos porque lutamos e mais que sairemos vencedores. Uma das nossas grandes vantagens é o de possuirmos um território extenso e vasto e teremos de tirar daí o melhor proveito; o inimigo tem um País pequeno com pequena população, impossibilitado portanto de poder controlar todo nosso País. Teremos portanto de adoptar por uma guerra que além de ser popular terá que ser de manobra. Aplicando a guerra de guerrilha no campo e por todo o Território o inimigo ficará no dilema de ou dispensar as suas forças e ser portanto fraco e vulnerável por toda a parte, ou para ser forte concentrar as suas forças e nesse caso perder o controle da maior parte do Território e das populações. Portanto, a nosso entender, deve ser preocupação dominante o estender a luta por todo o Território abrindo logo que as condições mínimas o permitam novas Frentes, novas regiões, até que todo Território esteja em pé de guerra. Essa preocupação deve ser maior que a de querer conquistar terreno, libertar parcelas tomar cidades, constituir Territórios livres, pois como achamos de ver a extensão de Território é tão grande que será impossível ao inimigo mesmo com o auxílio dos racistas da África do Sul estender as suas malhas por toda a parte e haverá sempre zonas por elas incontroladas. Só depois de ter a guerrilha espalhada por todo o Território Nacional é que devemos começar a escolher os melhores elementos desta para começar a constituir unidades de choque e aniquilamento que progressivamente irão transformar-se no exército Nacional que irá conquistar o País e empurrar definitivamente para o mar o exército colonial. Vemos portanto que esta, será uma guerra de longa duração e portanto estas medidas militares devem ser acompanhadas de uma intensa propaganda e formação política das massas e dos quadros. Gigantesca e constante propaganda formativa e revolucionária através de todos os meios: Rádio, boletins, cartilhas, jornais, conferências e cursos. Há que pôr acima de toda a formação técnica o da formação Política, só assim a luta armada estará completa. Vitória ou Morte DIBALA
1ª Assembleia Regional das 1ª e 2ª Regiões (Dolisie, 22 a 25 Fev. 1968) - Documento do MPLA «Tarefas imediatas nos aspectos político, militar e social», por Dibala
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