Carta do CEA ao Comité Director do MPLA

«Papel timbrado: CENTRO DE ESTUDOS ANGOLANOS - ALGER»

Alger, 25 de Novembro de 1967 (ANO DA GENERALIZAÇÃO DA LUTA ARMADA EM ANGOLA)
D/83/67

C.D. do M.P.L.A.
Brazza e Dar-es-Salaam

Caros Camaradas

Aproveitamos a ida dos camaradas da Frelimo para enviar por mão própria várias publicações e para vos pôr ao corrente dos seguintes assuntos:
FICHAS DE INFORMAÇÃO – seguiu há dias para Brazza e segue hoje para Dar-es-Salaam a série referente ao mês de Outubro. As vossas últimas apreciações e indicações de assuntos a tratar vão ser-nos úteis para a elaboração das próximas séries.
PUBLICAÇÕES – seguem agora 150 exemplares do Caderno Revolucionário nº 3 para Dar-es-Salaam. No passado dia 26 de Outubro foram expedidos pelo correio marítimo 50 exemplares para o nosso mesmo destino. Agradecíamos que nos dissessem se estes exemplares já chegaram e em que data. Com efeito, é muito importante sabermos isto porque, se as encomendas demorarem só cerca de um mês a chegarem, passaremos a enviar por barco, o que representa uma redução enorme no frete de correio. Agora vão só 150 exemplares ao contrário dos 600 prometidos porque o preço é proibitivo. Vamos insistir na via por barco.
Foi-nos sugerido na última carta de Brazza que fizéssemos a publicação da “Guerra de Guerrilha” de Che Guevara, da qual há uma tradução em primeira mão em Brazzaville. Estamos de acordo com a excelente ideia. Os camaradas podem enviar-nos a referida tradução, que nós procuraremos publicar nos próximos meses.
MANUAL DE ALFABETIZAÇÃO E LIVRO DE LEITURA – o facto de o Manual de Alfabetização e o guia do alfabetizador não estarem impressos é inteiramente independente da nossa vontade. Como vos explicamos em carta anterior, sugerimos ao camarada Paulo Jorge o contacto com a J.F.L.N. que, apesar do preço elevado da impressão (cerca de 20 mil dinars, para a impressão de 10 a 15 mil manuais e de 3 a 5 mil guias), estava disposta a realiza-la. O camarada Paulo Jorge propôs, então, que se contactasse o partido local porque, assim, poder-se-ia evitar a sobrecarga à JFLN e que, no caso de as diligências não derem resultado, se voltaria à juventude local. A resposta do partido local veio agora (cerca de um mês depois) e é evasiva ou quase negativa: a eterna desculpa de que não há verba. Entretanto dizem que vão estudar o assunto, não tendo marcado prazo para a resposta.
Quanto ao livro de leitura, abandonamos temporariamente a sua elaboração. Com efeito, o livro de leitura destina-se a adultos e é o prolongamento do manual de alfabetização. Temos muito pouca gente para o trabalho existente no Centro, o que faz com que se encarem com bastante cuidado as tarefas mais urgentes e prioritárias; ora o livro não é urgente, enquanto o manual de alfabetização não tiver entrado largamente ao Serviço. Por isso, esperamos que o assunto do manual seja resolvido.
SUBSÍDIOS - o assunto pendente da segunda parte do subsídio não está ainda resolvido. Numa carta do camarada Presidente, tinha sido dito para contactarmos os amigos que ficaram encarregados de nos entregar 2.500 exemplares iguais aos da primeira remessa. Em carta posterior, assinada, Sango, falava-se de 2.000. Contactamos os referidos amigos que nos pareceram nada saberem do assunto e que deveriam pedir informações. Ficaram de telefonar ao camarada Paulo Jorge para fixar novo contacto. Até hoje… e já lá vão alguns meses!
A situação financeira começa a ser apertada e não o é mais porque temos conseguido, por portas e travessas, arranjar bastante material de impressão gratuito, mas não podemos esperar ter sempre esses meios.
INQUÉRITOS INDICATIVOS – continuamos a aguardar de Dar-es-Salaam a opinião sobre a proposta da realização de inquéritos indicativos para a obtenção de elementos vários sobre a realidade nacional.
Continuamos seguindo entusiasmados no mapa a progressão das forças armadas de libertação do M.P.L.A.. Progressão que se vê através dos comunicados do Movimento e dos próprios comunicados de guerra do inimigo colonialista.
Receba, caros camaradas, as nossas fraternais

SAUDAÇÕES REVOLUCIONÁRIAS

P’la Direcção