Discurso do MPLA, na Jornada de Solidariedade com Cuba

Cota
0095.000.019
Tipologia
Discurso
Impressão
Dactilografado
Suporte
Papel Comum
Autor
MPLA - Movimento Popular de Libertação de Angola
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2
Companheiro Embaixador,
Camaradas Delegados da Jeunesse,
Companheiros,
Camaradas,

*[Manuscrito: Jornada de solidariedade c/Cuba em /16/8/67 no FBbk km 25].

Circunstâncias diversas da nossa luta fazem com que comemoremos neste lugar uma data que tem para o Povo irmão de Cuba um alto significado patriótico. O nosso desejo de militantes e de combatentes da liberdade seria que neste momento esta mesma coluna Ferraz Bomboko estivesse comemorando esta data simbólica junto do nosso Povo, ao lado dos nossos guerrilheiros que, nos Dembos e em Nambuangongo continuam a bater-se heroicamente contra a opressão e pela independência nacional.
Se tal não sucedeu foi porque o nosso Movimento, vanguarda do Povo angolano, se vê obrigado a travar um combate sem tréguas contra três castas de inimigos: os colonialistas portugueses, nossos inimigos directos, o imperialismo estrangeiro e os africanos fantoches que servem os colonialistas e os imperialistas.
O facto de estarmos neste momento a celebrar neste lugar a data histórica do 26 de Julho mostra a nossa determinação de não recear nenhum dos obstáculos que os nossos inimigos levantam na nossa marcha irresistível para a vitória. A data do 26 de Julho, em que Fidel de Castro e os seus companheiros travaram o seu primeiro grande combate, ao quererem tomar o quartel de Moncada simboliza precisamente a determinação de um povo, que apesar do seu primeiro insucesso saiu fortalecido e mais do que nunca determinado a derrubar os tiranos que sugavam o seu sangue.
O ataque ao quartel Moncada, na madrugada de 26 de Julho de 1953, por um punhado de 150 homens que teriam de fazer a mais de mil homens da guarnição do quartel é para nós, combatentes angolanos um encorajante exemplo de quanto pode a vontade firme de lutar por um ideal sagrado que é a liberdade e a felicidade de um povo. Durante o ataque a Moncada mais de metade do heroico grupo rebelde tombou para não mais se levantar e do seu exemplo se inspiraram outros patriotas que mais tarde, com os mesmos chefes haviam de levantar todo o Povo para a luta e conduzi-lo até à vitoria. Moncada não foi uma batalha perdida, foi antes a madrugada da vitoria mais decisiva que um povo, oprimido pelo imperialismo Yankee e pelos seus lacaios, arrancou a ferro e fogo, mas com um elevado sentimento de Justiça. O povo cubano, que como disse Fidel Castro “PREFERIA VER DESAPARECER A SUA ILHA NO FUNDO DO MAR DO QUE ACEITAR SER ESCRAVO DE ALGUÉM”, tem dado ao mundo e em particular aos povos que lutam contra o imperialismo e contra o novo e o velho colonialismo, um exemplo de quanto pode a vontade de um povo que quer ser livre. Não há nenhuma força no mundo capaz de vencer a determinação de conquistar a independência e a felicidade.
A Revolução cubana como, a luta de libertação nacional dos povos de África, da Ásia e da América Latina, inscreve-se da luta contra o imperialismo que pretende dominar o Mundo.
O Povo heroico do Vietnam, distante do Povo de Cuba de milhares de quilómetros, empunha hoje o facho da Revolução anti-imperialista, enfrentando sem tréguas o chefe de fila dos imperialistas, o imperialismo americano, fomentador de guerras e de complots que vão enriquecendo os grandes monopólios que dominam a economia mundial.
Na Bolívia, na Colômbia, na Venezuela, em toda a América Latina, o povo está-se levantando em armas, para por sua vez expulsar das suas terras o yankee imperialista cuja ganância aumenta a cada momento.
No norte de África, no Médio Oriente os povos árabes lançam os alicerces de uma luta em novos moldes, que melhor se adaptem a fazer frente às diferentes caras com que o imperialismo se apresenta.
Os povos africanos ainda sobre dominação colonial ou vítimas do vergonhoso regime do Apartheid levantam-se também em armas e não as deporão enquanto não alcançarem os seus objectivos revolucionários.
O exemplo do 26 de Julho frutificou. A humanidade oprimida de todo o mundo compreendeu, descobriu que a força do imperialismo não resistiria à força dos povos que lutam por uma causa justa.
A minúscula Cuba, constrói a felicidade do seu Povo contra a agressão permanente do monstro estado-unidense; o heroico Vietnam inflige derrotas estrondosas a um exército de mais de meio milhão de homens dotados de armas poderosas; os nossos guerrilheiros mantêm em permanente sobressalto um exército superior em número e em armas. Esta é a prova mais cabal de que ESTA GRANDE HUMANIDADE DISSE BASTA. E COMEÇOU A ANDAR.
Companheiros, Camaradas
O elo estreito que une os nossos povos na longa marcha que em conjunto iniciaram, não se quebrará nunca. A solidariedade TRICONTINENTAL não é uma palavra. E nesse espírito que a Direcção do MPLA dirigiu um convite aos nossos irmãos cubanos para assistirem a esta simbólica manifestação e para nos falarem mais concretamente dalguns aspectos da história do 26 Julho, para que como angolanos revolucionários, melhor possamos aproveitar algumas das experiências do Povo Cubano.

CUBA NÃO FALHARÁ!

VITÓRIA OU MORTE!

Discurso do MPLA, na Jornada de Solidariedade com Cuba, em Brazzaville, no Km 25.

A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.