Carta de Fernando Brica a Lúcio Lara

Cota
0072.000.036
Tipologia
Correspondência
Impressão
Manuscrito
Suporte
Papel comum
Remetente
Fernando Brica
Destinatário
Lúcio Lara
Data
Mar 1965
Idioma
Conservação
Razoável
Imagens
2

Fernando Brica
B.P. ____
Dolisie
[escrito noutra letra: DITAR À RUTH]
[nota: carta com correcções incorporadas na transcrição]

Camarada Lúcio

Pela presente envio o artigo para o Boletim do Militante que não tive oportunidade de entregar no tempo previsto e desde já peço desculpar-me.
O Cento de Introdução Revolucionária (CIR) que começou a funcionar no dia 1º de Março tem como objectivo fundamental dar uma formação revolucionária aos nossos militantes de base para poderem corresponder às exigências da luta armada. Como autêntico instituto e educação revolucionária o CIR funciona de maneira ilucidativa, nos problemas políticos, dentro dos princípios defendidos (nos novos) estatutos depois na primeira Conferência de Quadros. Pretendemos ainda evidenciar os nossos militantes quanto aos verdadeiros e complexos problemas que se nos deparam passo a passo, e como evitá-los ou enfrentá-los.
Não há muito tempo, o nosso movimento foi alvo de ataques e provocações bárbaras do imperialismo por intermédio dos vendidos e dos oportunistas de esquerda. Isto provocou desassossego e desespero em muitos nossos militantes. Isto aconteceu no entanto porque para Movimento estava assente em bases pouco sólidas, havia nos n/ militantes falta duma formação ideológica que lhes servisse de defesa contra quaisquer intrigas. Os lacaios do imperialismo fracassaram o que não quer dizer que estejam totalmente neutralizados. Cabe-nos fortalecermo-nos, munirmo-nos cada vez mais e mostrar a todos os filhos dignos do nosso povo o melhor caminho a seguir. Quer dizer que depois de nos organizarmos, devemos orientar a nossa política dando-lhe Ideologia.
O n/ camarada Presidente Agostinho Neto, na sessão inaugural do CIR disse que o Movimento tende cada vez mais a formar-se em Partido o que noutras palavras diria-se que está-se formando uma ideologia que será seguida por todos os Angolanos que se queiram designar militantes dum Movimento de Vanguarda. Fortificamos o espírito de Vigilância, disciplina, a crítica e autocrítica de uma forma mais acentuada e assim tornamos mais forte a nossa Organização.
O Militante do MPLA deve saber distinguir os nossos amigos do inimigo sem se esquecer que os amigos dos nossos inimigos são n/ inimigos também.
A massa popular Angolana que já compreendeu o valoroso trabalho do MPLA não deixa de manifestar o seu regozijo para com o MPLA e repulsa aos imperialistas assassinos no Vietnam, no Congo e em Cuba. Assim, o Centro pôde iniciar as suas actividades com 45 estagiários vindos de diversos pontos do País. Estes são submetidos a uma disciplina rigorosa sendo os cursos escrupulosamente dirigidos e acompanhados de palestras, conferências e sessões culturais. Um trabalho físico é-lhes indispensável por isso ocupamo-nos na construção de casas e agricultura.
Esperamos dos camaradas o melhor aproveitamento desejando ainda que depois desta formação mereçam prestígio e honra de terem pertencido ao Curso que foi patronado com o nome do herói Nacional  FERRAZ Bomboko.
VM
Obrigado C/ Lúcio e espero que se possa sacrificar por causa da minha falta de tempo para apresentar um trabalho limpo.
Fernando Brica

Carta de Fernando Brica a Lúcio Lara (Março 1965)

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