Comunicado da UGEAN sobre assassinatos da FNLA

Cota
0063.000.024
Tipologia
Comunicado
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel comum
Autor
UGEAN - União Geral dos Estudantes da África Negra sob Dominação Colonial Portuguesa
Locais
Data
Idioma
Conservação
Mau
Imagens
4
Observações

Foi publicado no 3º volume de «Um amplo movimento…»

Acesso
Público

UNIÃO GERAL DOS ESTUDANTES DA ÁFRICA NEGRA SOB DOMINAÇÃO COLONIAL PORTUGUESA UGEAN 18, Rue de DIRAH (HYDRA) ALGER/ALGERIE CE/11/64 23/6/64 “MAIS 150 ANGOLANOS, ENTRE ELES 40 ESTUDANTES QUE TINHAM TERMINADO O 7º ANO DOS LICEUS, BARBARAMENTE ASSASSINADOS PELOS BANDOS ARMADOS DA FNLA, DIRIGIDA PELO TRAIDOR HOLDEN ROBERTO” O Comité Executivo da UGEAN leva ao conhecimento da opinião pública internacional, de todas as forças democráticas, das organizações mundiais da juventude e dos estudantes, solidárias com a luta heróica do POVO ANGOLANO a notícia que recebemos da Juventude do Movimento Popular de Libertação de Angola (JMPLA) pelo seu comunicado de 15.6.1964 que transcrevemos: “... A luta do Povo Angolano atravessa uma fase difícil. [...] [ver documento anterior] (...) A triste experiência destes factos aconselham a reorganizarmo-nos no sentido do reagrupamento e do combate unido contra o inimigo comum.” O Comité Executivo da UGEAN, exprimindo legalmente a opinião da massa dos estudantes angolanos e de todos os estudantes dos países sob dominação colonial portuguesa em geral, reafirma solenemente a sua solidariedade à tendência revolucionária do nacionalismo angolano representada pelo MOVIMENTO POPULAR DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA (MPLA) denunciando energicamente as manobras criminosas da clique Holden Roberto. Não é a primeira vez que o território angolano é teatro de lutas fratricidas. Os bandos armados da UPA têm-se batido em sangrentos combates contra os destacamentos dos guerrilheiros do MPLA. Uma coluna sob a direcção do Comandante FERREIRA foi brutalmente massacrada em Outubro de 1961 e mais recentemente nas margens do rio LOGE, no mês de Março de 1963 uma coluna do MPLA foi vítima dum cobarde ataque por parte dos bandos à soldo de Holden Roberto. Isto, para não citarmos o violentíssimo combate que durou cerca de 6 horas nas proximidades do TOMBOCO em Fevereiro de 1964 quando os guerrilheiros do MPLA, que tinham como missão isolarem um forte contingente do exército português, foram atacados pelos bandos armados do FNLA que já causaram mais vítimas angolanas do que portuguesas!... O procedimento criminoso de Holden Roberto, assassinando os quadros futuros de Angola, é uma prova evidente e irrefutável da sua política anti-angolana. Aliás doutra maneira não poderia servir ele os seus patrões, os imperialistas. O II Congresso da UGEAN, depois duma análise objectiva da realidade dos nossos países, impôs como uma das tarefas bases da nossa organização a formação de quadros válidos e a elevação da sua consciência revolucionária. As forças ocultas interessadas em imporem em Angola um regime neocolonialista são irreconciliáveis com a UGEAN. É precisamente assassinando os quadros válidos dum país que se abrirá as portas à política aventurista e neocolonialista que a reacção africana e internacional pretende instaurar em Angola. Perante estes factos que enfraquecem a luta das massas angolanas pela independência e agravam as possibilidades de reconstrução social no momento da independência – pois a falta de quadros em Angola manifesta-se através da existência de 99% de analfabetos – o Comité Executivo da UGEAN: Inclina-se respeitosamente diante da memória dos heróis combatentes tombados no campo da honra, vítimas das mãos assassinas da clique de Holden Roberto, armadas pela reacção internacional tendo como chefe de fila o imperialismo USA; Exige a libertação imediata dos 150 prisioneiros angolanos que se encontram nas prisões congolesas, sob as ordens de Holden Roberto, pois o único crime desses patriotas foi o de exigir a unidade total das forças revolucionárias verdadeiramente angolanas; Protesta energicamente contra a política tribalista e anti-nacional praticada pelos dirigentes do FNLA que recusando-se a uma confrontação honesta de ideias com as outras tendências do nacionalismo Angolano, instaurou em Angola o clima sombrio duma guerra fratricida que tragicamente vem favorecer as forças colonialistas e imperialistas; Encoraja as forças nacionalistas angolanas a prosseguirem os seus esforços para a realização dum Congresso de todas as forças vivas verdadeiramente engajadas no combate contra o colonialismo português onde seja encontrada uma plataforma mínima de entendimento para se barrar o caminho à política de aventurismo que a clique Holden Roberto quer instaurar em detrimento das aspirações do POVO ANGOLANO; Lembra que não está dentro das nossas tradições revolucionárias abandonarmos uma tendência revolucionária do movimento de libertação nacional pelo simples facto de ela se encontrar momentaneamente em dificuldades causadas pela asfixia orquestrada pelas forças da reacção internacional; Faz um veemente apelo a todos os estados africanos membros da OUA para que todo o auxílio económico dado ao Povo Angolano em luta pela sua libertação nacional seja dirigido a todos os movimentos nacionalistas implantados junto das massas populares. Apela igualmente esses estados para que estabeleçam um controle rigoroso da maneira como esse auxílio económico é utilizado pelos movimentos nacionalistas, de modo que o mesmo não venha, paradoxalmente, em detrimento dos interesses revolucionários do Povo Angolano; Faz apelo a todas as Secções, Organizações de estudantes e da Juventude do mundo, a todas as forças democráticas para que enviem telegramas e cartas de protesto ao FNLA; FNLA Boite Postale nº 1205 – Léopoldville/ Est – Rép. Du Congo O Comité Executivo da UGEAN [carimbo do CE da UGEAN]

Comunicado da UGEAN sobre assassinatos da FNLA «Mais 150 angolanos, entre eles 40 estudantes que tinham terminado o 7º ano dos liceus, barbaramente assassinados pelos bandos armados da FNLA, dirigida pelo traidor Holden Roberto» (CE/11/64, Argel).

A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.

Nomes referenciados