Foi publicado no 3º volume de «Um amplo movimento…»
JUVENTUDE DO MOVIMENTO POPULAR DE
LIBERTAÇÃO DE ANGOLA
JMPLA
BRAZZAVILLE – REPÚBLICA DO CONGO
JOVEM ANGOLANO
Mais um facto acaba de ser consumado no seio do nacionalismo angolano. Nós, jovens angolanos estamos enraizados às nossas tradições, aos nossos costumes. Os nossos avôs sempre nos disseram que o bom soba é aquele que sabe agrupar os seus filhos. Um governo deve agrupar todo o povo de forma a merecer a confiança de toda a massa [de] um país. Não é em vão que o Povo Angolano, mas todo até aquele que por manobras e por interesses procura apoiar o governo de todo o povo, tem consciência de que um governo imposto não representa nada. Não é desconhecida a luta fratricida praticada em Angola. Todo o angolano está ao corrente das pressões que se fazem de forma a encerrar os bureaux da maioria dos partidos angolanos. Será isto unificar o Povo Angolano? Não; é dividi-lo irreconciliavelmente.
A JMPLA não é contra o reconhecimento de um governo revolucionário angolano. Ela está de acordo com tal reconhecimento, pois isto daria mais solidez à luta angolana de forma a acelerar toda a actividade revolucionária que daria uma coesão ao povo para a liquidação total do colonialismo português. A JMPLA, depositária da esperança do Povo angolano, é contra um governo que procura a todo o custo dividir-nos enfraquecendo toda a nossa força e fortificando a força do inimigo.
A Juventude Angolana deve estar consciente. Denunciemos todas as manobras e procuremos, custe o que custar unirmo-nos, porque só unidos poderemos vencer o gigantesco inimigo que enfrentamos.
Concordamos e aceitamos que o Governo do Congo tivesse reconhecido um governo angolano para facilitar a tarefa da nossa luta; é dentro deste princípio que a JMPLA pede ao governo do Congo para que dentro do espírito que o anima de ajudar a luta do povo angolano se prontifique a dar os seus bons ofícios para que facilite o arranjo de uma plataforma que possibilite a efectivação da unidade do nacionalismo angolano (tornando este governo representativo).
A árvore que dá bons frutos reconhece-se pelas suas folhas. Atacam-se dirigentes verdadeiramente nacionalistas que têm dado provas de coragem, de honestidade, de dignidade e de dedicação, daí os seus frutos que o próprio povo angolano no interior já provou. Hoje, pretende-se queimar uma árvore do qual o povo angolano mantém esperanças. Chama-se a este dirigente, vendido, colaborador com portugueses, sócio de uma empresa de portugueses, só porque fora de ambições pessoais e de quaisquer interesses pretende que o povo de Angola unifique todas as suas forças para a vitória final sobre o colonialismo português.
A JMPLA não pede debates filosóficos entre os dirigentes; pede sim que haja unidade entre todos os nacionalistas angolanos.
A JMPLA chama atenção aos demais nacionalistas que o encerramento dos bureaux dos nacionalistas angolanos em Léopoldville não deve constituir um motivo de regozijo porque isto, pretende liquidar a parte mais consciente e mais honesta do nacionalismo angolano e em vez de nos unir vem dividir-nos cada vez mais e, ao dividir-nos enfraquece-nos, e ao enfraquecer-nos fortalece o inimigo que a cada passo se arma até aos dentes! Não sigamos homens, jovens angolanos, mas sigamos os princípios que nos levem a unirmo-nos para bem do nacionalismo angolano. Não nos deixemos ludibriar com intrigas e panfletos injuriosos de dirigentes desonestos. O que o povo angolano precisa hoje é que todas as forças nacionalistas se unam. Obriguemos, jovens angolanos, que os dirigentes imbuídos de orgulho pessoal o deixem e olhem verdadeiramente para a consumação da UNIDADE que todo o povo pede. Só com ela nós triunfaremos.
VITÓRIA OU MORTE!
UNIDOS VENCEREMOS!
A DIRECÇÃO Brazzaville, 7 de Novembro de 1963
[carimbo da JMPLA]
Carta da Direcção da JMPLA a «Jovem angolano» (Brazzaville)