Comunicado transcrevendo declarações de Mário de Andrade

COMUNICADO

O Senhor Mário de ANDRADE, que foi durante estes três últimos anos um dos dirigentes do MPLA, fez difundir, a partir do Cairo, o comunicado seguinte: “As circunstâncias em que foi constituída, em Léopoldville, a Frente Democrática para a Libertação de Angola (FDLA), agrupando um certo número de organizações políticas angolanas (1), são-me completamente estranhas. O Comité Director do MPLA nunca teve mandato para se envolver num tal procedimento.
Consequentemente, eu não poderia, de forma nenhuma, dar o meu consentimento a uma associação de movimentos ditos nacionalistas não tendo base política comum. O meu nome foi, portanto, abusivamente utilizado na lista do Comité Executivo da “FDLA”.
Desde a reunião do Comité dos Nove e a constituição do Comité de Conciliação em Dar-es-Salam, fui guiado apenas pela preocupação de facilitar o entendimento entre os Movimentos Nacionalistas Angolanos, nomeadamente entre o MPLA e a FNLA. Visto ter sido marcado, contra a minha vontade, pelas divisões infelizes que enfraqueciam a luta do povo angolano, afastei-me voluntariamente das negociações que deviam levar à unificação desses agrupamentos políticos.
Graças à cooperação estreita com um certo número de Chefes de Estado Africanos, penso ter obtido, na Conferência de Addis Abeba, o mais eficaz apoio para acelerar a libertação do povo angolano. Cabe agora aos Organismos de Execução saídos dessa Conferência, e aos movimentos políticos angolanos unidos numa Frente, darem o golpe final para a liquidação do colonialismo português.
Retomo plenamente a minha liberdade e declaro que, de hoje em diante, já não me considero engajado em nenhuma organização política do meu país.”
[Acrescentado à mão: 20 de Julho 63]
(1) MNA, MPLA, NGWIZAKO, UNTA