Comunicado do MPLA

Cota
0052.000.044
Tipologia
Comunicado
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel comum
Autor
MPLA - Movimento Popular de Libertação de Angola
local doc
Léopoldville (Rep. Congo)
Data
Idioma
Conservação
Mau
Imagens
2
Observações

Foi publicado no 3º volume de «Um amplo movimento…»

Acesso
Público

MOVIMENTO POPULAR DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA MPLA 51, Avenue Tombeur de Tabora B. P. 720 – Tel. 2452 LÉOPOLDVILLE DOC. 97/63 COMUNICADO Como se andam aí a espalhar falsas interpretações sobre as provocações de que o MPLA foi alvo no passado Domingo, 7 de Julho, o Comité Director entendeu trazer alguns esclarecimentos, através das precisões seguintes: 1 – Em consequência de graves atentados à integridade do Movimento e de flagrantes infracções às disposições estatutárias, os militantes Srs. Matias Miguéis (que se tinha demitido de membro do Comité Director poucos dias depois da sua eleição), Viriato da Cruz, José Miguel e José Domingos, foram expulsos das fileiras do Movimento. Com efeito, eles tinham “decidido” demitir o Comité Director eleito pela Conferência Nacional em Dezembro último e constituir um “Comité Provisório”, isto numa reunião com um exíguo número de militantes sem representatividade dentro dos organismos do Movimento. 2 – Durante uma reunião de membros que teve lugar no domingo 7 de Julho, numa das dependências do MPLA, a entrada foi vedada ao ex-militante Miguéis, que já não era membro do MPLA. Alguns dos seus partidários, entre os quais os três restantes expulsos na véspera, provocaram uma desordem com a intenção evidente de impedir o decorrer normal dos trabalhos. Durante o dia, o mesmo grupo, percorrendo as instalações do MPLA, procurou provocar distúrbios e semear a confusão, por meio de mentiras e de calúnias. 3 – Estes distúrbios não deixam a menor dúvida quanto ao carácter divisionista e à natureza oportunista dos seus autores. A apresentação duma pretensa “cisão” no seio do MPLA, justamente no momento em que vemos coroados de sucesso os nossos esforços para a unidade, são provas disso. No entanto uma Frente acaba de ser criada pela união de quatro organizações nacionalistas, o que abre a via à total unificação do nacionalismo angolano. 4 – Estes distúrbios visam ainda a prejudicar, e mesmo a impedir, o trabalho da Comissão de Conciliação, criada em Dar-es-Salam, e que deve chegar hoje mesmo a Léopoldville. 5 – O MPLA tem a grande responsabilidade de responder às esperanças que os irmãos de toda a África depositam nele. O MPLA tem também a responsabilidade de não desonrar a hospitalidade que o Povo congolês e o seu Governo, oferecem ao Povo angolano. Além disso tem o dever de se opor com a maior das firmezas a todas as ameaças contra a Unidade nacional. Por isso o Comité Director pediu a todos os militantes para não responderem às provocações e pediu a intervenção das autoridades congolesas que restabeleceram a calma, prendendo os causadores dos distúrbios. Estes são os factos, com todas as suas implicações de antigas ambições não satisfeitas, de oportunismo e de flagrante traição à causa do Povo angolano. Mas estas manobras que só beneficiam o colonialismo português, não nos perturbam no trabalho de unificação das forças nacionalistas angolanas; da mesma maneira, a obstinação dos inimigos da Pátria, não poderá impedir-nos de prosseguir no caminho que a memória dos 100.000 irmãos mortos nos impõe. Para restabelecer completamente a verdade, o Comité Director do MPLA opõe um desmentido categórico à caluniosa declaração do Sr. Miguéis, aparecida na imprensa de 9 de Julho, onde ele acusa o MPLA de “relações suspeitas com os portugueses, nomeadamente com a FUA”. Além disso o MPLA nunca teve contactos com “homens de negócios portugueses”. Nós repetimos que a difamação, a mentira e a desonestidade não servem a causa angolana. São antes traição para com toda a África. A atitude intransigente do MPLA contra o colonialismo português e contra os seus agentes e a sua solidariedade, permanecem sem equívoco. Por outro lado, a inclusão abusiva do nome do Sr. Mário Andrade, membro do nosso Comité Director, nesta questão, só vem revelar mais precisamente a sede de poder de indivíduos que não recuam perante nenhum processo para atingirem os seus fins. Absorvido pela amplidão das tarefas que lhe incubem, o MPLA não pode permitir- -se dispersar a sua atenção em desmentir todas as calúnias de que é alvo. O Comité Director do MPLA pensa antes que é a acção que conta, e convida todos os angolanos a cerrarem fileiras a fim de acelerar a independência da Pátria, que é a primeira condição para se realizar o Desenvolvimento e o Progresso de Angola. VIVA ANGOLA! VIVA A UNIDADE DO POVO ANGOLANO! VITÓRIA OU MORTE! Feito em Léopoldville, a 9/7/63 [carimbo do CD do MPLA] LL/VN.

Comunicado do MPLA sobre Viriato da Cruz, Matias Miguéis, José Miguel e José Domingos «Kioza» (Doc 97/63-LL/VN, Léopoldville).

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