Déclaration du MDIA

Cota
0052.000.001
Tipologia
Declaração
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel comum
Autor
MDIA - Movimento de Defesa dos Interesses de Angola
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2
Observações

Foi publicado no 3º volume de «Um amplo movimento…»

Acesso
Público

 MOVIMENTO DE DEFESA DOS INTERESSES DE ANGOLA “MDIA” C.P. 51 Rue de Lopori Nº 47 LÉOPOLDVILLE I – (Republ. Congo) Declaração do Movimento de Defesa dos Interesses de Angola “MDIA”, pronunciada pelo Senhor MINGIEDI Simon Diallo, Director do Bureau Político, aquando da Conferência dos Movimentos Nacionalistas Angolanos realizada em Brazzaville, a 1 de Julho de 1963. Em nome do MOVIMENTO DE DEFESA DOS INTERESSES DE ANGOLA “MDIA”, de que sou o porta-voz – na qualidade de Director do Bureau Político desta organização – quero saudar todos os representantes da imprensa, tanto local como estrangeira, aqui presentes. Não saberia como exprimir a satisfação sentida pelo Comité Director do meu partido em relação à fidelidade com a qual vocês responderam ao convite que vos foi endereçado. O povo angolano expressa-vos a sua gratidão mais sincera pela difusão das notícias sobre a descolonização do nosso território que vocês não cessaram de assegurar. Por outro lado, a população angolana, através do seu partido, o Movimento de Defesa dos Interesses de Angola “MDIA”, faz questão de agradecer, por um lado, às duas Repúblicas Congolesas (Léopoldville e Brazzaville) pela ajuda eficaz que elas não cessam de lhe prestar e, por outro lado, a todos os países africanos pela sua participação activa no problema que nos preocupa que é a INDEPENDÊNCIA do nosso país “ANGOLA”. Senhores Representantes da Imprensa, abordemos então o essencial do nosso encontro de hoje. De facto, no decurso da sua existência, a nossa Organização, o Movimento de Defesa dos Interesses de Angola “MDIA”, sempre praticou a política pacifista de mãos abertas, mas os responsáveis do governo português não mostraram nenhum sinal de boa-vontade. Pelo contrário, continuam sem escrúpulos a sua política de destruição e de mentira, porque, de todas as promessas feitas, nenhuma foi alguma vez realizada. Citaremos, entre outros, os últimos acordos concluídos no mês de Março de 1963, entre a nossa delegação e o governo de Lisboa na capital portuguesa, publicados por nós em Léopoldville a 24 de Março de 1963, na casa dos antigos combatentes, e que apesar das promessas formais das autoridades governamentais portuguesas, ficaram sem efeito. A recusa do governo português em reconhecer o direito à autodeterminação da nossa terra milenar, alegando que Angola faz parte integrante de Portugal, é uma contrariedade histórica que pesa sobre todos os homens amantes da liberdade e compromete assim a paz no mundo. O julgamento temerário, de consequências penosas, que é testemunhado pela obstinação desse governo fascista que insiste em defender, com unhas e dentes, a implantação do seu regime totalitário no nosso território, apesar das diferentes tentativas do nosso partido junto desse governo com o fim de chegar a um compromisso, não somente acarreta repercussões dolorosas para Angola, como também presta um mau serviço ao povo português. Sendo o direito de todos os povos do mundo à autodeterminação uma doutrina do século XIX [sic], reconhecida pelas mais altas Instâncias Internacionais da Organização das Nações Unidas “ONU”, e garantido pela Declaração Universal dos Direitos do Homem que Portugal subscreveu livremente, é inconcebível que o governo português possa escapar a esse imperativo histórico. É caso para nos perguntarmos se Portugal sonha receber o que o mundo recusou à França e à Inglaterra, que foram impérios coloniais e que hoje já não existem. Tendo em conta a imperiosa necessidade da descolonização do nosso país e de toda a África, e dando-se conta da política desse colonialista retrógrado, o MOVIMENTO DE DEFESA DOS INTERESSES DE ANGOLA “MDIA” apoia solenemente as ­resoluções adoptadas pelos Chefes de Estado Africanos reunidos na Conferência de Addis Abeba, nomeadamente: a ruptura das relações diplomáticas entre a África e Portugal, o boicote das mercadorias portuguesas, a expulsão dos territórios africanos de todos os originários de Portugal, medidas que foram, aliás, preconizadas pela nossa organização na petição entregue ao Comité Especial da ONU para Angola, na sua sessão realizada em Léopoldville a 28 de Maio de 1962. Rejeitámos, na mesma ocasião, a declaração do Ministro português dos Negócios Estrangeiros convidando os governos dos países limítrofes das colónias sob dominação portuguesa. Considerando que o triunfo de Portugal continua a assentar na desunião dos partidos políticos angolanos e que a conjugação dos esforços de todas as organizações é uma das condições sine qua non para o acesso rápido do nosso país à soberania nacional, lançamos um apelo comovente a todos os movimentos políticos angolanos para fazerem um exame de consciência sobre a gravidade da situação com o fim de criar uma FRENTE COMUM REPRESENTATIVA onde convergiriam todas as forças vivas do povo angolano contra o inimigo comum. Consequentemente, pedimos a todos os países africanos e aos homens de boa vontade que nos ajudem a realizar este nobre ideal. VIVA O MDIA VIVA A FRENTE COMUM REPRESENTATIVA VIVA O POVO ANGOLANO [carimbo do MDIA] VIVA A UNIDADE AFRICANA

Conferência dos Movimentos Nacionalistas Angolanos, em Brazzaville - Declaração do MDIA, pronunciada por Mingiedi Simon Diallo, Director do Bureau Político

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