Relatório de Rev. Domingos da Silva sobre José Domingos

Cota
0050.000.008
Tipologia
Relatório
Impressão
Dactilografado
Suporte
Papel comum
Autor
Domingos Francisco da Silva
local doc
Léopoldville (Rep. Congo)
Data
Idioma
Conservação
Mau
Imagens
1
Observações

Foi publicado no 3º volume de «Um amplo movimento…»

Acesso
Público

 REVERENDO SILVA VICE-PRESIDENTE EM 2 DE MAIO DE 1963 Para abrir o diálogo o camarada José Domingos apresentou os seguintes pontos que sobre os quais devia girar o diálogo: I – Comunas – Comités de Acção II – CVAAR {Escolas; Assistência médica III – EPLA {Em Léo; Nas fronteiras IV – Juventude V – Comité Director e suas decisões VI – Conselho Político Nacional 1– Que o Lúcio Lara afirmara em 24/4/63 que deveremos negociar com os portugueses de modo que trabalhemos em comum. Exemplo: Polícias portugueses com ­polícias angolanos trabalhem juntos. O que queremos é tirar o regime de Salazar. Neto afirmara na sua conferência em Paris em 30/1/63 que a FUA era um movimento nacionalista com brancos, pretos e mulatos. Na carta ao General Humberto Delgado, publicada nos jornais afirmava que os Republicanos da Oposição eram nossos aliados. Em 22/4/63 afirmava que os de Malange são tribalistas e que José Domingos vai a UPA... Que qualquer membro do Comité Director afirmava que o Reverendo Silva só está no Comité Director para prestígio e de nada mais vale. Na Conferência Nacional o Neto dizia que até aqui todo o trabalho estava parado, querendo dizer com isso que o Comité cessante nada fizera. Que o Comité Director soube criar o Conselho Disciplinar e não cria o órgão para recorrer. E pergunta se no caso dum conflito com o Comité Director a quem iria se recorrer, pois se se recorre ao Comité Director vai encontrar os mesmos Presidentes que encabeçaram o Comité Disciplinar! No CVAAR vai haver em 4/5/63 uma assembleia para abolir com os 11 Comités de Acção. Porquê? – É porque querem escolher os Comités do seu agrado com finalidade menos do que procurar o bem do Povo. Que o Povo não sabe o que se passa. Os membros do Comité Director não procuram nem aproximam ao Povo. No CVAAR o Agostinho Neto não quis socorrer a criança do José Domingos. No EPLA expulsaram arbitrariamente os camaradas Xavier, João Manuel Ventura e Manuel Fernandes Carlos. Concorda que deviam merecer correcção e não expulsão. Que nenhum processo escrito das expulsões exista tanto no EPLA como no Bureau. Há arbitrariedade. No EPLA critica o facto da mulher do Lima assistir à elaboração dum plano militar. Que não deram dinheiro bastante à missão para Tshikapa assim como em várias outras missões, mas para eles, por pequena que seja a viagem levam milhares e milhares de francos. Ao José Domingos não deram senão 3.000. O Lima numa missão levou 50.000 e nunca ninguém fez reparo disso. Que na OMA notava uma grande discriminação. Que os membros do Comité Director andavam afastados do Povo e esperam que o Povo os vá encontrar ao Bureau. O Povo sente isolado, que ninguém os liga. Que os coordenadores das bolsas declaram que devemos atender na proporção de 4 angolanos nascidos dentro e um congolano. Alidor acha que lá dentro de Angola virão a ser seus escravos – (diz José Domingos) Luluabourg: Qual a relação do Muxixi com o Comité Director? Que Xaúmba Gabriel, Francisco Alidor, Silvano (está em Tshikapa), Domingos Feliciano, Dia Maka, João Humberto, o velho José Kafundanga, João Canhonga, eram considerados gente da pamba. Ninguém os recebe no Bureau. Conselho Político Nacional. Querem acabar com os Comités de Acção para não aprovar o projecto dos Estatutos. Porque é que se não criou o Conselho Político Nacional? Ninguém sabe quem criou o Conselho Disciplinar. A 1.ª coisa que deve ser feita é criar o Conselho Político Nacional e com urgência. Que a 1.ª Conferência Nacional foi gatada; As estruturas não foram suficientemente preparadas. Léopoldville, 8 de Maio de 1963 Rev. Domingos Francisco da Silva [segue assinatura]

Relatório de Rev. Domingos da Silva sobre José Domingos «Kioza» (Léopoldville).

A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.