Relatório e contas do CVAAR

Cota
0032.000.079
Tipologia
Relatório
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel comum
Autor
CVAAR - Corpo Voluntário Angolano de Assistência aos Refugiados
Data
Mar 1962
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
15
Observações

Foi publicado no 2º volume de «Um amplo movimento…»


CORPO VOLUNTÁRIO ANGOLANO DE ASSISTÊNCIA AOS REFUGIADOS
(CVAAR)
RELATÓRIO E CONTAS
COMITÉ DE ADMINISTRAÇÃO DO CVAAR
(Julho de 1961 a Março de 1962)
I – GENERALIDADES:
O CVAAR foi fundado e definido, em Conakry, em Julho de 1961, pelo Comité Director do MPLA – que profundamente inquieto da sorte das vítimas da guerra de extermínio desenvolvida pelos colonialistas portugueses contra o valente povo ­angolano, decidiu mobilizar todos os seus quadros médicos a fim de prestarem assistência aos ­refugiados angolanos na República do Congo.
O CVAAR teve o seu Regulamento Interno aprovado, em Conacry, pelo Comité Director do MPLA, em fins de Julho de 1961.

Os Estatutos foram elaborados e aprovados, em Brazzaville, em princípios de Setembro do mesmo ano.1
O primeiro Comité de Administração, após eleição democrática entre os membros que constituíam o CVAAR, ficou constituído por um Presidente, um Tesoureiro e um Secretário, e ficou instalado em Brazzaville até princípios de Outubro de 1961.
Logo após a fundação do CVAAR, [o] Secretário Geral do MPLA esteve em Londres, onde lançou os fundamentos da campanha para ajuda aos refugiados ­angolanos exilados nas Repúblicas do Congo – Léopoldville e Brazzaville.
Através do “Movement for Colonial Freedom” de Inglaterra, o Secretário-Geral do MPLA entrou em contacto com a “War on Want” e “Oxford Comittee for Famine”, e outras Organizações filantrópicas inglesas, no sentido de obter delas um apoio material e moral para o CVAAR.
Contactou também com os representantes em Londres do jornal “Expressen” de Stokolm, a quem forneceu os elementos da crítica situação dos refugiados, nas ­fronteiras do Congo – Léopoldville e Brazzaville – elementos que constituíram a base duma campanha­ em toda a Suécia, levada a cabo pelo referido jornal.
O Presidente do MPLA fez um apelo através do jornal “Expressen”, à opinião pública mundial, dando assim os primeiros passos nos contactos havidos com Organizações Filantrópicas da América e do Próximo Oriente.
Por essa ocasião, o Presidente da República da Guiné, Sua Excelência SÉKOU TOURÉ, libertou os médicos angolanos que prestavam serviço como contratados nos Hospitais e Maternidades do seu País e conferiu-lhes todas as facilidades para se ­deslocarem às Repúblicas do Congo – Léopoldville e Brazzaville.
Os médicos angolanos escreveram ao Presidente Youlou, do Congo (Brazzaville), pedindo autorização para entrar no seu país e trabalhar junto dos ­refugiados. As ­autoridades governamentais desta República acordaram todas as facilidades de entrada na República do Congo de todo o pessoal técnico do CVAAR e seus colaterais; a entrada de medicamentos que nos eram destinados, bem como o material de trabalho profissional. Não nos foi, todavia, concedido o reconhecimento oficial.
Entretanto surgem os primeiros dons [sic] para o CVAAR.
A Cruz Vermelha Sueca, através do jornal “Expressen” envia ao CVAAR quatro toneladas de medicamentos para a República do Congo, ao Coordenador em Chefe da Cruz Vermelha Internacional, Sr. Gosta STREIJFER.
Governos e Organizações Filantrópicas de países europeus e africanos põem à ­disposição do CVAAR toneladas de medicamentos, vestuários e alimentos. Além da Grã-Bretanha e da Suécia, a Yougoslávia, o Marrocos, o Mali, a Guiné, o Gabão, a República Centroafricana, etc., dão a sua ajuda através do CVAAR, aos refugiados angolanos.
O Comité de Administração recrutou entre os refugiados, pessoal técnico, e teve a 29 de Setembro de 1961, a sua primeira reunião com enfermeiros. Estiveram presentes 18 enfermeiros, dentre os quais 3 enfermeiros diplomados, 2 ajudantes de enfermeiros, 7 microscopistas e 6 agentes sanitários. No decorrer da reunião, foi apresentado por um membro do CVAAR, o programa da Organização, e os objectivos a atingir. ­Evidenciou-se a necessidade de criar postos médicos nas fronteiras, o que exigiria de todos os maiores sacrifícios.

II – ACTIVIDADES EXTERNAS:
a) CONTACTOS:
Em 4 de Agosto de 1961, um dos médicos angolanos deixou a República da Guiné, com destino a Pointe Noire, onde chegou a 15 do mesmo mês e ali tomou os primeiros contactos com os refugiados. Fez o primeiro estudo e exame objectivo das possibili­dades de trabalho e estabeleceu proficientemente as bases de instalação da equipa que em breve se lhe juntaria. Este nosso camarada, em companhia de um refugiado e da autoridade local visitou as regiões limítrofes de Cabinda. Contactou com muitas centenas de refugiados, com quem discutiu os seus problemas mais prementes.
Após a chegada dos outros dois médicos o Comité de Administração do CVAAR contactou com outros exilados angolanos residentes na República do Congo (Brazzaville).
No mesmo mês de Agosto, o Comité de Administração teve uma entrevista com o Coordenador em Chefe da Cruz Vermelha Internacional em Léopoldville, Sr. GOSTA STREIJFER.
Apresentadas as credenciais conferidas pelo Sr. EINHMARK, do Jornal “Expressen” de Stokolm, o Sr. GOSTA STREIJFER informou-nos das necessidades mais urgentes dos refugiados, nas fronteiras do Congo – Léopoldville/Angola, que diziam respeito a Thysville, onde se encontravam mais de 41.000 [?] refugiados. Informou-nos a ­existência de um Hospital protestante em Thysville, dos dispensários espalhados na região de Kimpangu, de Kungi, de M’Banza-Bata, etc.
Por aquele senhor nos foi proposto trabalhar sob as ordens da Cruz Vermelha Internacional, nos postos que ela se propunha abrir em M’Banza-Bata, como técnicos contratados.
Respondemos à proposta informando-o que, como angolanos e como médicos, tínhamos criado uma Organização que se propunha trabalhar independentemente, junto dos refugiados, em completa igualdade com as restantes Organizações ­filantrópicas, como a Caritas, a Cruz Vermelha do Congo e que como nacionalistas não abdicaríamos jamais do direito de o fazer.
A Liga das Sociedades da Cruz Vermelha Internacional, na pessoa do seu Coordenador em Chefe, propunha-se entregar a região de M’Banza-Bata, ao cuidado do CVAAR e foi-nos oferecido para dois dias depois, o transporte que levaria o ­Coordenador Adjunto e o Père Coweres das Missões Protestantes na viagem de inspecção que se propunham realizar à região de Thysville, para um estudo “in loco” da situação.
Infelizmente, dificuldades de ordens várias impossibilitaram-nos de os acompanhar.
Em princípios de Outubro o CVAAR transferiu-se para Léopoldville. No prossegui­mento do seu plano de trabalhos iniciaram-se contactos com refugiados, nos bairros periféricos da cidade e traçou-se um plano de assistência a pôr em marcha rapidamente.
Foi-nos dado observar que os refugiados se encontravam abandonados à sua sorte, e a sua presença em Léopoldville, a mais de 400 kms. da fronteira, se justificava pela existência de um parente ou de um amigo aqui residente, a quem pediam pão e tecto.
Conforme as decisões tomadas em reunião de 21 de Setembro de 1961, três membros do Comité de Administração iniciaram démarches junto do Secretário de Estado de Negócios para Assuntos Africanos, Sua Excelência MATITI Justin, no sentido de obter o reconhecimento oficial do CVAAR. Foi-lhe apresentada a história e os ­objectivos do CVAAR, e pedida a sua ajuda.
Três dias depois, a 24 de Setembro de 1961, Sua Excelência transmitiu-nos a sua reserva às nossas pretensões, “dado que tal facto iria criar dificuldades ao seu Governo junto das restantes Organizações acreditadas e a quem foram conferidos poderes para uma campanha junto dos refugiados angolanos” (sic).
Fizemos Sua Excelência ciente da nossa posição: como angolanos e como médicos, a nós cabia tratar os refugiados, mais que às Organizações humanitárias que deles se ocupavam.
No capítulo do reconhecimento oficial do CVAAR, pediu também uma entrevista a Sua Excelência o Ministro do Interior em Outubro de 1961 e este não pôde receber-nos. Entretanto pediu para que transmitíssemos ao seu Chefe de Gabinete, Sr. BOSO, a razão da nossa entrevista.
Assim fizemos um rápido historial da nossa Organização e apresentámos um memorandum.
O Sr. BOSO pediu alguns momentos, teve uma rápida conversa com o Ministro e trouxe-nos o acordo de princípio de Sua Excelência, para que iniciássemos oficialmente as nossas actividades, com o pedido de lhe levarmos no dia seguinte a lista do quadro médico que compunha o CVAAR.
Por ocasião da entrega dessa relação do Corpo Clínico da nossa Organização, Sua Excelência mandou transmitir-nos pelo seu Chefe de Gabinete que a resposta oficial ser-nos-ia endereçada pelo correio.
Efectivamente dois meses mais tarde, o Comité de Administração recebeu uma resposta, cujo conteúdo se encontra nos nossos arquivos.
No dia 10 de Outubro, uma delegação em que estava integrado o Presidente do CVAAR, foi recebida por Sua Excelência Cyril ADOULA, Primeiro-Ministro da ­República do Congo (Léopoldville).
No decorrer dessa entrevista, em que foram abordados assuntos de importância para a nossa Organização foi entregue um memorandum.
Em 11 de Setembro tivemos a primeira entrevista com Sua Excelência KAMANGA, Ministro da Saúde da República do Congo (Léo) a quem foram expostas as nossas pretensões de nos engajarmos como médicos ao Serviço do Governo Congolês na condição de podermos trabalhar junto dos refugiados ­angolanos que se ­encontravam na fronteira.
As démarches feitas para a obtenção de um “laisser-passer” permanente para as deslocações ao longo da fronteira em missão profissional junto dos refugiados, a concessão de uma viatura para essas deslocações, e a possibilidade de colocação dos seus serviços hospitalares, não chegaram a realizar-se.
Em 19 de Outubro de 1961, em reunião extraordinária que teve a presença do Presidente do MPLA, e dos novos membros do CVAAR, o Presidente do MPLA fez uma comunicação dos contactos por ele tomados em nome do CVAAR, na RAU, Marrocos, Yougoslávia, França e Itália, no sentido de mobilizar a opinião pública destes países para a causa dos refugiados angolanos. E sugeriu que fosse lançado um apelo à solidariedade internacional onde estivesse bem documentada com fotografias, números e dados objectivos, a trágica situação dos refugiados angolanos.
O CVAAR recebeu nas suas instalações a visita de diversas personalidades que queriam inteirar-se das suas actividades e realizações.

b) DOS DONATIVOS:
O CVAAR é uma organização filantrópica, sem fins lucrativos. Vive essencialmente de dons que provêm de personalidades colectivas ou individuais, nacionais ou ­estrangeiras, que estão dispostas a ajudar incondicionalmente os refugiados angolanos.
Desde a sua criação, o CVAAR encontrou a melhor boa vontade e ajuda por parte de muitas personalidades, organizações e governos que se dispuseram, por nosso ­intermédio, a minorar o grande sofrimento dos refugiados angolanos.
Deixamos aqui expresso o nosso profundo reconhecimento aos grandes amigos do CVAAR e dos refugiados angolanos Dr. BAH – da República da Guiné – Sua ­Excelência o Presidente do Governo Provincial de Léopoldville – Sr. Gaston DIOMI –, Sr. Jean HALLER – de nacionalidade Suíça –, às firmas congolesas SARMA CONGO, SEDEC, UNILEVER CONGO, INTERFINA.
Às organizações inglesas WAR ON WANT e DEXION Cº.
E especialmente aos Governos da República da Guiné, do Reino de Marrocos, da República de Israel, da República de Gabão e da República Centrafricana, que, ­manifestando a sua solidariedade efectiva para com os refugiados e o povo angolano, deram uma contri[bui]ção decisiva ao CVAAR.

LISTA GERAL DOS DONATIVOS EM “NATURA”
Carlos Paiva: . . . . . . . . . . . . . . . . 10 camas de ferro
Inocêncio Martins: . . . . . . . . . . . 5 sacos de farinha de mandioca,
de 50 kg. cada um.
Movimento Popular de Libertação
de Angola – MPLA – Equipamento médico e um automóvel “TAUNUS”
Conferência das Organizações
Nacionalistas das Colónias Portuguesas
– CONCP – . . . . . . . . . . . . .. . . . Material de escritório.
Cruz Vermelha Yugoslava: . . . . .. Medicamentos.
Sarma-Congo: . . . . . . . . . . . .. . . Víveres.
Pharmacie Africaine: . . . . . . . . . Medicamentos.
Sabena (Laboratórios): . .. . . . . . . Material de laboratório.
Société BATA Congolaise: . . . . . 24 pares de sapatos.
Croissant Doré: . . . . . . . . . . . . . Pão.
War on Want: . . . . . . . . . . . . . . . 2 casas pré-fabricadas, através da firma DEXION Ld.
Governo do Reino de Marrocos: Material médico, e medicamentos no valor de 100.000 NF.
c) DAS REALIZAÇÕES:
1) Deslocação à fronteira de Cabinda de um membro do Comité de Administração, conforme referência feita no capítulo GENERALIDADES.
2) Iniciaram-se conversações com o 1.º Burgomestre da Comuna de Léopoldville para a abertura de uma messe e residência colectiva para os membros do CVAAR e suas famílias. Causas estranhas à nossa vontade impediram a sua efectivação.
– As crescentes actividades do CVAAR, fruto das necessidades cada dia mais ­aflitivas dos refugiados, obrigaram a um estudo de planificação dos projectos e objectivos a atingir.
Uma Comissão foi encarregada de estudar e planificar o problema e apresentar o respectivo plano ao Comité de Administração, em reunião de 29 de Dezembro de 1961.
O Plano apresentado que foi aprovado por unanimidade e aclamação, está sendo realizado na medida das nossas possibilidades.
3) Uma delegação do CVAAR, composta de 3 médicos e 3 enfermeiros, deslocou-se a Matadi de 2 a 6 de Dezembro para estudar “in loco” a situação dos refugiados. Foram visitados as aldeias de SOYO e LUADI, junto da fronteira com Angola, onde existem respectivamente 4.000 e 12.000 refugiados.
No seu relatório ao Comité de Administração, a delegação concluiu:
“As crianças, mulheres e velhos (90% dos refugiados) não têm o que comer.
Falta absoluta de medicamentos os mais usuais (quinino, penicilina, sulfamidas, anti-parasitários, etc.).
Falta de vestuário, mesmo o mais elementar.
Falta de utensílios agrícolas.
Falta de habitações. 70% dos refugiados são forçados a acampar ao ar livre.”
4) Uma delegação composta por dois enfermeiros visitou no Sector de Wungua a localidade de KINTUANDO-MOANDA, no mês de Março. Segundo o censo das autoridades em Inkisi, a localidade conta com 4.700 congoleses e 2.711 refugiados.
Foram distribuídos medicamentos aos refugiados que se apresentaram para ­tratamento, vestuário e dinheiro aos mais necessitados.
A trágica situação dos refugiados fez com que se iniciassem démarches para a abertura de um Posto Médico ainda durante o mês de Março – o que não chegou a ­concretizar-se.
5) O Comité de Administração publicou o 1.º número do seu Boletim em ­Dezembro de 1961. Esse órgão pretende ser um meio de contacto directo e periódico, dum lado com as organizações e personalidades que nos têm ajudado, e doutro lado com os ­refugiados, o Povo Angolano e os povos de África e do Mundo inteiro. São nele abordados e ­debatidos todos os problemas ligados aos refugiados, quadros estatísticos da nossa activi­dade médica, do movimento do Dispensário Central de Léopoldville em particular, e duma maneira geral da nossa assistência no conjunto do território Congolês.
III – ACTIVIDADES INTERNAS:
a) INTRÓITO:
O Comité de Administração teve como tarefa principal, em Léopoldville resolver os problemas de instalação e de transportes, no plano interno.
Na reunião ordinária do Comité de Administração, havida em 5 de Outubro de 1961, na presença do Secretário Geral do MPLA, fez–se um estudo da situação ­económica do CVAAR. O Tesoureiro do Comité de Administração apresentou o seu relatório de três meses de actividade.
Dele se concluiu que os fundos existentes não permitiram ao CVAAR, mais três meses de actividade. Nestas circunstâncias propôs-se o engajamento dos médicos, como meio de desafogar os compromissos do CVAAR.
Após démarches difíceis, alugou-se uma casa na Av. Tombeur de Tabora, imóvel onde, depois de reparado e adaptado, foram instalados os Serviços Administrativos e Clínicos do CVAAR.
No dia 7 de Novembro de 1961, teve lugar a inauguração oficial do Dispensário.
A abertura do Dispensário abriu novas perspectivas ao CVAAR:
1 – Procedeu-se a um concurso documental para preenchimento dos lugares vagos de enfermeiros, que foi apreciado por uma Comissão constituída por três médicos.
2 – Em reunião extraordinária os médicos do CVAAR, em 27 de Janeiro de 1962, tomaram as decisões seguintes:
1º – Todos os médicos com actividades privadas, descontariam para o CVAAR, sobre os seus ordenados:
Até 10.000 frs. mensais ---- Zero%
De 10.000 a 15.000 ---- 10%
De 15.000 a 30.000 ---- 15%
Superior a 30.000 ---- 20%
2º – Nomear uma Comissão para estudar a revisão dos contratos de trabalho dos médicos engajados, e sua adaptação aos interesses do CVAAR.
3º – De futuro, os médicos comprometiam-se a submeter aos restantes membros do CVAAR as cláusulas de contrato de trabalho, antes da sua assinatura, dependendo esta das decisões tomadas.
b) DA ASSISTÊNCIA MÉDICA E PROFILAXIA
A assistência médica e profiláctica do CVAAR é feita indistintamente a angolanos e congoleses. Os serviços médicos estiveram sempre abertos a todos os angolanos­ ­refugiados, sem distinção de raças, sexo, lugar de nascimento, ideias políticas ou credos religiosos (em conformidade com os Estatutos da Organização).
Os MAPAS juntos ilustram o movimento do Dispensário neste campo.

– MAPAS –

DA ASSISTÊNCIA MÉDICA E PROFILÁCTICA
(De 8 de Novembro de 1961 a 20 de Março de 1962)

Consultas médicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.030
Tratamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.709
Injecções intramusculares . . . . . . . . . . . . . . . 1.342
Injecções intravenosas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 423
Vacinação antivaríolica . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.500

MEDICAMENTOS ADMINISTRADOS
(DE 8 de Novembro de 1961 a 20 de Março de 1962)
– COMPRIMIDOS –

Polivitaminas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11.608
Antipalúdicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.462
Antipiréticos . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . 7.320
Antidiarréicos . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . 3.036
Sulfamidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.735
Antibióticos de largo espectro . . . . . . . . . . . . . 1.565
Diversos . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . 1.291

– INJECÇÕES –

Penicilina . . . . . . 523 frascos . . . . . . . . 500.000 U
5 " . . . . . . . . 200.000
Streptomicina . . . 7 " . . . . . . . . 1 gr.
Vitaminas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200 amp.
Tonicárdicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 "
Anti-hemorrágicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Anti-espasmódicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
Anti-anémicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
Diversos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218

– DIVERSOS –

Antiparasitários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6.495 grs.
Antisépticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.677 "
Ligaduras 5x8 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 530 unid.
Compressas . . . . . . . . . . . . 20x30 . . . . . . . . . . 1.100 "
Algodão hidrófilo . . . . . 100 pacotes/250 grs. . . 25 kgs.

O CVAAR, sob o aspecto social, procedeu à distribuição de alimentos, vestuários e empregos aos refugiados, dentro das suas possibilidades limitadíssimas.
O MAPA a seguir mostra o movimento da distribuição de víveres e artigos de higiene, que teve lugar duas vezes por semana.
– MAPA–
(De 8 de Novembro de 1961 a 20 de Março de 1962)

Sacos de farinha de mandioca . . . . . . . . . . . . . . . . . 600 kgs.
Sacos de peixe seco salgado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 “
Latas de sardinha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 271
Pão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 kgs.
d) DA ASSISTÊNCIA MATERNO-INFANTIL
O CVAAR, no intuito de estender a sua secção a um campo tão específico da assistência, procedeu à distribuição de leite diariamente às crianças, no seu Dispensário.
Dificuldades de vária ordem, impediram que se iniciasse a campanha de educação sanitária e de noções de puericultura, junto das mães.
– MOVIMENTO –
(De 8 de Novembro de 1961 a Março de 1962)

Leite em pó . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 litros
Bolachas – Biscoitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 caixas

IV – COMENTÁRIO
Um exame crítico à actividade do Comité Administrativo cessante mostra que ele estabeleceu as bases do CVAAR nas Repúblicas do Congo (Brazzaville e Léopoldville).
A actividade administrativa incidiu sobretudo no desenvolvimento do ­departamento da assistência médica e social com a criação do Dispensário, e dos múltiplos contactos que foram necessários para tornar conhecido o CVAAR, quer na República do Congo, quer nos restantes países afro-asiáticos e europeus.
Chamamos a atenção do novo Comité de Administração para o que resta a fazer no domínio do Ensino, da criação dos meios de subsistência para os refugiados, que os liberte da situação de completa dependência das organizações filantrópicas estrangeiras que se ocupam dos refugiados desde os da União Sul-Africana aos da Síria, sem resolver na totalidade o problema de cada grupo de refugiados.
Chamamos a atenção fundamentalmente para o problema dos Postos Médicos e das Brigadas Volantes da Fronteira.
Contingências várias, tornaram particularmente difícil a acção do Comité de Administração cessante, neste capítulo. O Comité de Administração reconhece a sua insuficiência na realização deste ponto crucial do programa do CVAAR.
A propaganda, primeiro a cargo do Comité de Administração e depois a cargo de uma comissão de 4 membros, não foi satisfatória.

Através de apelos, dirigidos a Organizações filantrópicas europeias, de memorandos aos Presidentes da República dos países afro-asiáticos, e do Boletim, o CVAAR fez a sua entrada no campo internacional e obteve diversos donativos que constituíram a base do nosso trabalho.
Na assistência médica e social aos refugiados, em Léopoldville, esteve a realização de maior profundidade do Comité de Administração cessante. Cabe ao novo Comité de Administração o alargamento desta actividade a outros núcleos de refugiados, mais especificamente àqueles que se encontram afastados dos grandes centros.
ENSINO:
Lembramos que a abertura de escolas se impõe cada vez mais, dado o número sempre crescente de crianças e jovens em idade escolar refugiados nas Repúblicas do Congo (Léopoldville e Brazzaville).
ESCOLA DE ENFERMAGEM
Ter em vista que é da preparação técnica dos enfermeiros que dependerá, em grande parte, a campanha de assistência das brigadas de fronteira. O Comité de Administração cessante, lançou já os fundamentos desta realização que não chegou a concretizar-se inteiramente.
TRANSPORTES
Constituem um dos pontos de que depende em grande parte toda a actividade do CVAAR. Embora se tenha adquirido um jeep e recentemente uma station, don [sic] do MPLA, o problema subsiste e é urgente a sua solução.
BRIGADAS MÓVEIS EM LÉOPOLDVILLE
O CVAAR tem necessidade de formar brigadas móveis, que deslocando-se aos bairros limítrofes da cidade, colham elementos para a elaboração de um censo e para o estudo das necessidades dos refugiados, que nos permitirá resolver com mais ­proficiência os seus problemas.
Finalmente sugerimos ao novo Comité de Administração do CVAAR a necessidade de se constituir uma Delegação para contactar organismos e Governos, no sentido de se obter fundos para a nossa Organização.
A existência desses fundos é a maior garantia de uma actividade compatível com as necessidades actuais dos refugiados e da realização integral do nosso programa.
V – INVENTÁRIO
a) CONSULTÓRIO:
Bureaux metálicos para médicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Cadeiras metálicas para doentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Cadeiras metálicas para médicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Sofá em madeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Mesa metálica de sala . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Marquesa para observação de doentes . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Biombo hospitalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Cinzeiro metálico de pé . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Cinzeiros de mesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . 2
Cabides de parede . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Bancos rotativos para observação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Balde metálico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Armários para vestuários dos médicos . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
b) SALA DE GINECOLOGIA:
Estantes metálicas para medicamentos . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Armários metálicos para cirurgia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Mesa ginecológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Balde metálico de pedal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Foco eléctrico portátil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Caixa para compressas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Mesa com rodas para ferros cirúrgicos . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Microscópio monocular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
c) SALA DE ENFERMAGEM:
Mesa de madeira para injecções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Fogão de gás . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Peixeira alumínio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Estante metálica para seringas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
d) SECRETARIA:
Mesa de madeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Cadeiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Estantes em madeira, para arquivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
e) SALA DE INSCRIÇÃO:
Mesa de madeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Bancos compridos, em madeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Cinzeiro de mesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
f) DIVERSOS:
Camas metálicas em arrecadação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Baldes em plástico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Baldes em alumínio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Panelas de esmalte, para leite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Copos de plástico, para leite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

Relatório e contas do CVAAR (Julho 1961 - Março 1962)

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