Declaração da CONCP sobre o 4 de Fevereiro

Cota
0030.000.008
Tipologia
Declaração
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel comum
Autor
Secretariado permanente da CONCP
Locais
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2
Observações

Foi publicado no 2º volume de «Um amplo movimento…»

CONFERÊNCIA DAS ORGANIZAÇÕES NACIONALISTAS DAS COLÓNIAS PORTUGUESAS (CONCP) Secretariado Permanente 6, Rua Paul Tirard Rabat - Marrocos --o--o-- 4 DE FEVEREIRO DE 1962 1º ANIVERSÁRIO DA GUERRA DE ANGOLA A 4 de Fevereiro de 1961, os patriotas angolanos, sob a direcção do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), assaltaram as prisões militares e civis de LUANDA, a fim de libertar os dirigentes nacionalistas presos. Esta acção heróica dos combatentes angolanos marcou o início da insurreição armada do Povo Angolano contra o colonialismo Português. Desde essa data, a guerra intensificou-se cada vez mais. O Governo colonial-fascista português reagiu à insurreição popular montando um aparelho de extermínio em massa, procedendo a rusgas e bombardeamentos com napalm. Esta guerra colonial já fez mais de 50.000 mortos, o número de refugiados ­ango­­lanos ultra­passa as 150.000 pessoas, entre as quais se encontram homens, mulheres, crianças e velhos. O número de detidos políticos eleva-se a centenas e, entre eles, o líder do povo angolano, o Dr. Agostinho NETO, assim como Ilídio MACHADO, o Padre Joaquim Pinto de ANDRADE, etc. Esta guerra mostrou ao mundo o carácter bárbaro do colonialismo português. A guerra de Angola mostrou ao mundo como homens, se persistirem ficar amarrados a estruturas sociais, políticas e económicas atrasadas e a princípios e ideias caducas e retrógradas, ficam rebaixados ao nível de animais ferozes. Na verdade, o mundo já conhece o desencadear da barbárie, o aprofundar do horror constituído pelos actos do exército e da administração portugueses nesta guerra de genocídio empreendida contra o povo Angolano. Por ocasião do 1º aniversário do início da guerra de Angola, o Secretariado ­Permanente da Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas apela à Solidariedade Internacional e à Consciência Universal para acabarem com esta guerra injusta. A luta do Povo Angolano é uma luta justa porque é ditada pelo amor à Liberdade e à Justiça. O Povo Angolano está firmemente decidido a lutar pela conquista da sua Independência. O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), vanguarda da luta do povo angolano, leva a cabo um combate corajoso e lúcido e pretende conduzir a luta para uma verdadeira libertação do povo angolano, no contexto de uma África Livre, Independente e Unida, e da Solidariedade entre todos os povos. O MPLA, enquanto desenvolve a luta no interior, tem trabalhado sempre para dar a conhecer a luta do povo angolano. Ainda muito recentemente, o MPLA, pela voz do seu Presidente, ­manifestou-se nas Nações Unidas aquando do último debate em curso sobre Angola. Por outro lado, a luta armada do povo angolano reveste-se de uma grande ­importância histórica porque provocou a crise geral do sistema colonial português e, além disso, voltou a pôr em causa os alicerces do regime interno de Portugal, regime fascista, inimigo de todas as liberdades. Hoje, o Governo Português encontra-se ameaçado, tanto no interior como no exterior e isolado no plano internacional. A ONU e o mundo inteiro condenaram o sistema de relações desumanas que o colonialismo representa para além de terem acusado o colonialismo português. Pois no mundo actual, a persistência dos bastiões do colonialismo é um crime contra o Homem, uma ameaça real para a PAZ. Assim a data histórica de 4 de Fevereiro reveste-se de uma grande importância para o povo angolano e para os povos das outras colónias Portuguesas, e também para todos os povos amantes da Paz e da Liberdade. No momento em que a guerra de Angola entra no seu 2º ano, o Secretariado Permanente da CONCP lança um apelo a todas as organizações anti-colonialistas para que expressem a sua solidariedade com a luta do povo angolano pela sua independência. O Secretariado Permanente da CONCP convida todos os amigos da Angola combatente a: 1 – Promoverem, nos seus países, encontros de informação sobre o carácter da GUERRA DE EXTERMÍNIO que é levada a cabo em Angola. 2 – Exigirem a libertação do Dr. Agostinho NETO, líder do povo angolano, ­Presidente de honra do MPLA e símbolo da Angola combatente, assim como a ­libertação de todos os patriotas presos. 3 – Concederem o seu apoio moral e material às famílias das vítimas da guerra, aos refugiados e aos prisioneiros políticos. 4 – Constituírem delegações de protesto junto às embaixadas e representações portuguesas e dirigirem cartas e telegramas de protesto ao Governo Português. Secretariado Permanente da CONCP Rabat, 28 de Janeiro de 1962 [carimbo da CONCP]

Declaração da CONCP - Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas sobre o 4 de Fevereiro (Rabat).

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