Comunicado da UPA

Cota
0027.000.040
Tipologia
Comunicado
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel comum
Autor
UPA - União das Populações de Angola
local doc
Léopoldville
Data
Nov 1961
Idioma
Conservação
Mau
Imagens
2
Observações

Foi publicado no 2º volume de «Um amplo movimento…»

 [Sem data – mas posterior ao comunicado de 23 de Nov.61] UNIÃO DAS POPULAÇÕES DE ANGOLA – UPA – Cx. Postal, 1320 10, Av. Paul Osterrieth, 10 Telefone, 2026 LÉOPOLDVILLE/ES **************** COMUNICADO O Comité-Director do MOVIMENTO POPULAR DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA – MPLA acaba de tornar público um Comunicado em que formula as mais graves acusações contra a Direcção político-militar da nossa Organização – ­acusações que, aliás, porque destituídas de fundamento e de lógica, ao mesmo tempo que absurdas, de sua natureza, não merecerão o crédito de pessoa alguma. Contudo, o Bureau Executivo da UNIÃO DAS POPULAÇÕES DE ANGOLA – UPA – e o Estado-Maior do Exército de Libertação Nacional de Angola – ELNA – vêem-se na obrigação de refutar tão sórdidas acusações e marcar, uma vez mais, a sua posição. O Comité Director do MPLA acusa, abertamente, alguns dos nossos dirigentes civis e militares que se encontram no interior de Angola de “terem massacrado um esquadrão da sua Organização militar, encabeçado pelo Snr. TOMÁS FRANCISCO FERREIRA, na região de Caluka. No mesmo Comunicado o Comité-Director do MPLA acusa a UPA de “introduzir a luta fratricida nos campos de batalha de Angola, perseguindo e liquidando, ­fisicamente, os nacionalistas e os guerrilheiros filiados a outras organizações patrióticas”. A UNIÃO DAS POPULAÇÕES DE ANGOLA – UPA – e o EXÉRCITO DE LIBERTAÇÃO NACIONAL DE ANGOLA – ELNA – repudiam, energicamente, as acusações contra si formuladas pelo MOVIMENTO POPULAR DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA. A primeira coisa a desmentir é a existência real de uma “organização militar” do MPLA. Se tal organização existe, é, apenas, em teoria e não na prática, pois, como o temos afirmado e confirmam vários representantes da imprensa internacional que verificaram, in loco, as operações dos nossos efectivos militares, é o nosso Exército a única força militar revolucionária que combate, de armas na mão, o aparato militar que o colonialismo português mantém no solo sagrado da nossa Pátria. Se um grupo de membros do MPLA foi massacrado no interior de Angola, aos portugueses e somente aos portugueses cabe a responsabilidade do massacre – acto que somos dos primeiros a lamentar, profundamente. Se o MPLA – que tanto fala em “coordenar esforços, para a conquista da independên­cia da nossa Pátria” – sem uma experiência militar e sem uma base operacional na zona de guerra que é a região extremo-setentrional do nosso território, enviou militantes seus, sem, antes, se ter posto de acordo connosco que somos os melhores conhece­dores da região, cometeu grande erro, pelo que pagaram o alto preço de perderem a vida mais de vinte dos seus membros, mortos pelas forças inimigas. No comunicado em questão vêm relacionados os nomes dos componentes do suposto “esquadrão” e entre eles figuram os compatriotas DOMINGOS MIGUEL e SEBASTIÃO GUEIA NDUNGO. Com respeito a estes compatriotas devemos dizer que, a 21 do corrente mês, o Snr. FRANCISCO CADRIEMBE, militante nosso, recebeu uma carta do Snr. JOSÉ FERNANDES CANHANGA, procedente do Lukala, nesta República do Congo. Na referida carta, o Snr. FERNANDES diz ter tido notícias segundo as quais o compatriota MIGUEL, acompanhado dos compatriotas, ANTÓNIO SIMÃO e NDUNGO haviam sido mortos, pelas tropas portuguesas, entre a fronteira Congo--Angola e Caluka. Na mesma carta assinala, textualmente o Snr. Fernandes que “o caminho está cheio de soldados portugueses” visto terem descoberto que o mesmo era utilizado pelos Angolanos que fogem ou vêm da República do Congo. Na carta a que aludimos o Snr. FERNANDES acrescenta “o que vem para cá fica morto e o que sai daqui para lá fica também morto pelos portugueses”. Encontra-se a mesma na Secretaria da UNIÃO DAS POPULAÇÕES DE ANGOLA, para quem a quiser consultar e o Snr. FRANCISCO CANDRIEMBE também se encontra nos nossos Escritórios à disposição de quem desejar verificar a autenticidade do documento. O MPLA que não dispõe de um serviço de informação capaz de o trazer ao corrente dos movimentos do inimigo português e das condições gerais da zona de operações militares, a atravessar, cometeu grave erro, ao enviar os seus homens por uma área minada de tropas portuguesas. A UPA e o EXÉRCITO DE LIBERTAÇÃO NACIONAL DE ANGOLA – ELNA –, ao mesmo tempo que condenam o grave erro cometido pela direcção do MPLA que conduziu à trágica morte do compatriota FERREIRA, e os seus companheiros, rendem as suas homenagens à memória do grupo mártir que perdeu a vida, assassinado pelas hordas ferozes e sanguinárias de Portugal e fazem chegar aos familiares dos mesmos os seus mais sentidos pêsames. Juram que, quando Angola for independente e soberana, aqueles irmãos sacrifica­dos pela Pátria ocuparão o lugar de honra que merecem na galeria dos mortos ilustres na nossa já gloriosa epopeia. Glória eterna aos mártires de Caluka, mortos pelos colonialistas portugueses, pela independência da nossa Pátria. “Pela libertação Nacional e Social de Angola” UNIÃO DAS POPULAÇÕES DE ANGOLA – UPA – Pel’ O Comité Executivo, Rosário [com ass.] Comandante, Marcos Cassanga [com ass.] Vice-Presidente da UPA Chefe do ESTADO MAIOR DO ELNA

Comunicado da UPA em resposta ao comunicado do MPLA sobre a morte de Tomás Ferreira "Karique" no Fuesse.

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