Relatório de Domingos Adão António

Cota
0027.000.024
Tipologia
Relatório
Impressão
Dactilografado (2ª via)
Suporte
Papel comum
Autor
Domingos Adão António da Costa
local doc
Lukunga-Léopoldville
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2
Observações

Foi publicado no 2º volume de «Um amplo movimento…»

Acesso
Público

 Relatório apresentado por DOMINGOS ADÃO ANTÓNIO DA COSTA NATURAL DE CATETE E RESIDENTE NA ÁREA ADMINISTRATIVA DE LUKUNGA no dia 21 de Novembro de 1961. Domingos Adão, trabalhou em Lukunga durante um ano como Agente Sanitário da Saúde. Vindo de Lukunga chegou na fronteira congolesa em 24 de Outubro. Informa: – na senzala de Lukunga as tropas da UPA haviam morto em 12 de Abril do corrente ano, um angolano de nome Pedro Moniz, natural do povo de Tema, área administrativa do Bembe, que embora sem provas culparam-no de traidor. Em Lukunga, a população de Quipaco, depois da grave situação desta área, por ter sido tomada pelos portugueses em 19 de Maio, refugiou-se para a área de Macoco. Na área do Norte de Angola todo o angolano que fala português é imediatamente morto pela tropa da UPA, alegando-a tratar-se de traidor e defender a causa dos portugueses. Em 13 de Agosto, depois de completa invasão das áreas de Lukunga pelas tropas portuguesas, toda a população abandonou totalmente as suas casas, indo viver para as matas onde se encontra actualmente. Domingos Adão, resolveu refugiar-se para o Congo com a sua família, aproveitando contactar com os Movimentos Nacionalistas a fim de se informar das suas actividades. – Pelo caminho encontrou-se com um angolano de nome Afonso Lopes, que diz ser cunhado do Holden Roberto, presidente da UPA. – Afonso Lopes, impede a qualquer refugiado angolano que não seja natural de São Salvador com receio de que posto no Congo informe ao MPLA das atrocidades que cometem. Informou ao Sr. Domingos Adão e seus companheiros que faziam parte da delegação composta de 15 pessoas, de que o Afonso Lopes lhes dissera terem morto um grupo de rapazes angolanos enviados pelo MPLA que levava material de guerra, uma bandeira grande do Movimento e emblemas. Esta informação foi-lhes prestada na área do Gando, pertencente ao Concelho Administrativo de São Salvador. – Informou mais o Afonso Lopes de que tal grupo fora feito prisioneiro na área de Caluka e transferido dias depois para o FOICE [Fuesse], onde foram mortos. Ignora o Domingos Adão o número de pessoas mortas. Depois de terem passado na área do Gando, encontraram-se com um rapaz de Malange, militante da UPA que se encontrava num quartel, avisando-os que tivessem muito cuidado ao falarem do MPLA, pois, havia dias que tinham liquidado um grupo de rapazes enviados pelo MPLA, em cumprimento às ordens vindas da Direcção da UPA em Léopoldville. Quando chegaram no Foice foram ameaçados pelo Afonso Lopes a não ­continu­aram viagem, sem prévia vistoria das bagagens que traziam, tendo o Presidente Geral do Foice, ANDRÉ CASIMIRO, recebido toda a correspondência que traziam de Angola. Apesar da rigorosa vistoria a que foram submetido tiveram que aguardar a chegada do Sr. JOSÉ MANUEL PETERSON, Secretário-Geral da UPA em Léopoldville que se encontrava ausente, a fim de lhes autorizar continuar ou não a viagem. Ainda no Foice e em casa onde foram hospedados, encontraram alguns emblemas e uma bandeira grande do MPLA. O objectivo da sua viagem é de informar da evolução política dos Movimentos como enviado do seu povo. NECESSIDADES: – ASSISTÊNCIA MÉDICA, MEDICAMENTOSA, ETC. E EM PRIMEIRO PLANO MILITAR.

Relatório de Domingos Adão António, de Lukunga

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