Carta da UNTA ao Secretário Geral da ONU

Cota
0019.000.002
Tipologia
Correspondência
Impressão
Dactilografado
Suporte
Papel comum
Remetente
UNTA - Bernard Dombele e Pascal Luvualo
Destinatário
Secretário-geral da ONU
local doc
Rep. Democrática Alemã
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2
Observações

Em papel timbrado da UNTA. Foi publicado no 2º volume de «Um amplo movimento…»


BERNAU, 2 de Março de 1961
[Nota manuscrita: Rec.8.3.61]

Senhor Secretário-Geral da ONU,
Aos Chefes dos Estados membros da ONU
Meus Senhores,
A classe operária angolana denuncia com profunda indignação os massacres ­contínuos dos patriotas que lutam pela independência de Angola.
Durante os recentes acontecimentos em Luanda, patriotas nacionalistas foram detidos e atirados para prisões onde morrem devido às bárbaras torturas, aos tratamentos desumanos e à fome.
No momento actual, a situação torna-se cada vez mais grave. Em todas as fronteiras de Angola estão estacionadas tropas que cometem actos atrozes, desonestos e disparam indiscriminadamente. Portugal procura camuflar os acontecimentos de Angola conside­rando-os como sendo um assunto interno, apesar da opinião mundial ter sido alertada para eles. Os acontecimentos de Angola são um assunto internacional porque se trata da independência.
Tais medidas tomadas pelo governo colonial contra as aspirações legítimas do povo angolano só podem ser qualificadas como medidas fascistas e antidemocráticas.
O governo português pisa e espezinha os direitos elementares do homem e dos povos a disporem de si próprios.
O povo angolano pede aos países membros das Nações Unidas, signatários das recentes resoluções sobre a abolição do sistema colonial, votadas por 81 países, que coloquem na ordem do dia o problema angolano e dos outros países sob domínio português.
A classe operária angolana subscreve e apoia energicamente o apelo de 13 de
Setembro de 1960, que foi dirigido pelo MOVIMENTO POPULAR DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA “MPLA” aos países membros da ONU, no qual foi relatada a situação miserável das ditas “Províncias” de Portugal anexadas fraudulentamente.
A guerra que aí era anunciada foi desencadeada. Hoje, Luanda está transformada num campo de batalha.
Por conseguinte, a UNIÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES ANGOLANOS “UNTA” deseja que seja encontrada uma solução imediata a fim de conjurar a guerra imperialista que Portugal impôs ao povo angolano.

Queiram aceitar, Meus Senhores, a expressão do nosso profundo respeito.
Pelo Comité da UNTA na República Democrática Alemã

Pascal LUVUALU [segue assinatura] Bernard DOMBELE [segue assinatura]

UNTA
BERNAU / BERLIM
FRITZ-HECKERTSTR, 1
República Democrática Alemã

Carta da UNTA (Bernau) ao Secretário Geral da ONU

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