Carta de Viriato da Cruz a Savimbi

Cota
0019.000.001
Tipologia
Correspondência
Impressão
Dactilografado (2ª via)
Suporte
Papel comum
Remetente
Viriato da Cruz
Destinatário
Jonas Savimbi
Data
Idioma
Conservação
Razoável
Imagens
2
Observações

Foi publicado no 1º volume de «Um amplo movimento…»

 Conakry, 2 de março de 1961 Ref. 222/11/61 Caro Compatriota Savimbi, Saúde! 1 – Confirmamos a nossa carta ref. 203/18/61, de 23 de Fevereiro findo, a qual acompanhava o teu cartão de membro. Agradecemos que, oportunamente, acuses recepção do cartão. 2 – A título informativo e muito particular, junto te remetemos um exemplar do convite prévio para a Conferência de partidos nacionalistas das colónias afro-asiáticas de Portugal. Remetemos-te esse exemplar só para veres que o MPLA faz, efectivamente, dia a dia, uma política para a unidade de todas as forças que lutam contra o colonialismo português. O MPLA já enviou esse convite a 5 organizações angolanas, incluindo a UPA. 3 – Em contrapartida, recebemos, há dias, de Léo, carta de um militante do MPLA, na qual vem a seguinte passagem: “Convidei o Gilmor [Holden Roberto] a vir a minha casa para estudarmos uma forma de trabalho em comum. Respondeu ao meu convite mas... foi sempre o mesmo. Conclusão: Gilmor diz que não pode trabalhar com ninguém (nem com os que se encontram em Léo ou fora de Léo) por serem todos uma banda de mentirosos e ambiciosos. Até hoje ainda não encontrou ninguém com quem ele pode trabalhar. Gilmor é um segundo Diógenes.” 4 – Porque o MPLA luta para que o povo angolano inteiro, seja o soberano dos destinos de Angola; porque o MPLA acredita que só a unidade de um povo (sobretudo de um povo sem ainda grande poder como é o angolano) pode impedir que a soberania do país passe, realmente ou virtualmente, para as mãos de monopólios, trusts e interesses estrangeiros, – eis porque não nos fatigaremos de combater pela unidade política do povo angolano em luta contra a dominação colonial. Nós pensamos que só ousam falar de “luta pela independência” e ao mesmo tempo, desprezar a união combativa do povo aqueles que pensam conquistar a independência de Angola não com o povo angolano unido, mas com ajudas exteriores. A consentir-se esse jogo, teríamos, amanhã, em Angola, uma associação de angolanos e estrangeiros exploradores a dominar o povo e a pilhar as riquezas do país. Há, portanto, razão para desconfiarmos daqueles partidos que se isolam. Mas, no caso da UPA, não deve ser já segredo para um angolano suficientemente informado que ela recebe auxílios da América. Qual América? Não a América do povo trabalhador e desejoso da liberdade e do progresso de todos os povos; mas a América pilhadora de riquezas de outros povos, inimiga da liberdade e do progresso de outros povos, a América que exporta algemas para o espírito sob a forma de Missões, a América que se alia sempre ao que há de mais reaccionário e mesquinho em cada país. Será com essa aliança que o povo angolano deverá conquistar a sua independência? Angolanos sede vigilantes! – eis o que o MPLA não se cansa de recomendar a todos os patriotas de Angola. Saudações cordiais

Carta (Ref.222/11/61) de Viriato da Cruz (Conakry) a Savimbi

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