Carta de Jonas Savimbi ao MPLA

Cota
0018.000.043
Tipologia
Correspondência
Impressão
Dactilografado
Suporte
Papel comum
Remetente
Jonas Savimbi
Destinatário
MPLA
Data
Idioma
Conservação
Razoável
Imagens
1
Observações

Foi publicado no 1º volume de «Um amplo movimento…»


10/2/61
[Pela mão de Viriato: Respondido em 22.2.61]
Chers compatriotes

Recebi a vossa carta que tenho em maior consideração. Como vos informei na minha carta de Janeiro [da mão de Viriato: não recebida], esteve cá o Robert Holden da UPA para me convencer a partir para Nova-York e dirigir o escritório de informação que UPA tenciona abrir Iá. Junto-vos a cópia da carta que mandei em resposta. Se algo não estiver de acordo com os altos princípios que regem o nosso MPLA estarei sempre pronto a reconsiderar. Quem meteu na cabeça dos dirigentes da UPA que eu poderia lhes prestar relevantes serviços foi um missionário que também veio cá sondar as minhas intenções. Disse aos dois que reflectiria e responderia por escrito pois exigiram-me tomar compromisso. Mesmo com a PIDE à porta não me comprometo fora do meu raciocínio calmo e equilibrado. O que lhes engana é que não acreditam que deixei há muito tempo de pertencer às comunidades cristãs que nos oferecem salvadores mortos enquanto o povo é massacrado. Não tem cabimento no meu peito a ideia hipócrita de salvar a alma (e nunca acreditei que ela se perdia) enquanto o corpo sofre. Temos por todos os meios chamar os dirigentes da UPA à colaboração mesmo que nesse acordo tenhamos em princípio que ceder pontos. O nosso Partido, é o mais forte e não teremos dificuldade alguma em eliminá-Ios um a um. Se tiverem um plano em vista de nos encontrarmos com os dirigentes da UPA seria ideal. Apareceu cá um artigo que respondi imediatamente que acusava o MPLA como sendo uma organização comun[ista]. Sabeis que todo o Ocidente complota atrás do «rideau» se ouvirem este nome. Perdem a razão apesar de saberem o valor dessa ideologia e os passos gigantes que têm dado ultimamente. Desconfio que o artigo tenha vindo de Léopoldville. O jornalista que o publicou recusa-se a revelar-me o autor do artigo.
Podemos levar além o trabalho que já comecei cá de informar a massa suíça. Eles ignoram tudo que se passa em Angola e a maioria nem sabe onde se situa ANGOLA. Tive várias conferências e tenho escrito para vários jornais mas temos necessidade de um trabalho mais coordenado e incisivo. Em todas as entrevistas que tive pediram-me um documento que me identificasse como falando em nome do MPLA. Vejam se podem dar solução a este assunto que é urgente. Já escrevi para o Luís [L. de Almeida] para lhe pedir algo. Se o governo me expulsar por ter praticado política, será uma expulsão honrosa e não conto que isso aconteça. Tenho de estar mais fornecido em dados para montar aqui mesmo uma representação do MPLA. Há gente que no intuito de fazer face ao comun. se esforça por me fazer propostas de ajuda a nossa causa. Os ocidentais têm de ser comidos pela mesma panela que nos comeram a nós. Cinismo. Não haverá inconveniente nenhum da minha parte de levar mais longe esta propaganda. Aguardo notícias. Presto homenagem aos heróis que acabam de cair no campo da batalha. Vosso todo ele
Savimbi

Carta de Jonas Savimbi ao MPLA

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