Comunicado do MPLA sobre os incidentes de Luanda

Cota
0018.000.032
Tipologia
Comunicado
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel comum
Autor
Comité Director do MPLA
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2
Observações

Foi publicado no 2º volume de «Um amplo movimento…»

Acesso
Público

OS INCIDENTES DE LUANDA

COMUNICADO

Segundo diversas fontes de informação, na madrugada do dia 4 de Fevereiro corrente, grupos de nacionalistas angolanos atacaram à mão armada cadeias militares e civis de Luanda, entre as quais a tristemente célebre «Casa de Reclusão».
Travaram um duro combate contra as forças de repressão coloniais, tentando conquistar os locais de detenção de centenas de prisioneiros políticos.
O comunicado do Governo Geral de Angola assinala 7 mortos por parte das forças coloniais e 9 por parte dos nacionalistas, assim como vários feridos e numerosas prisões.
Durante o dia 5 de Fevereiro, aquando de manifestações organizadas pela administração fascista por ocasião das exéquias dos 7 soldados, ter-se-iam produzido novos confrontos entre patriotas angolanos e o exército colonialista. Há a lamentar 4 mortos.
Naturalmente que os números oficiais das nossas vítimas tombadas nesta luta encarniçada contra o aparelho policial instalado em Luanda pela ditadura de Salazar não traduzem de modo algum a realidade dos factos. Muito em breve tornaremos público o relatório circunstanciado destes acontecimentos.
Mas desde já o Comité Director do M.P.L.A. quer chamar a atenção da opinião mundial para o significado que, a seu ver, revestem os incidentes de 4 e 5 de Fevereiro.
Desde há algum tempo que a população de Luanda, indignada pelos métodos repressivos da Gestapo portuguesa (a P.I.D.E. – Polícia Internacional de Defesa do Estado), tinha encarado a possibilidade de libertar os líderes do M.P.L.A. e outros nacionalistas detidos nas cadeias da capital.
Esta polícia não hesita diante de nenhum meio de extermínio em massa – desde o envenenamento dos alimentos servidos aos prisioneiros até à execução sumária de 25 de entre eles, em Novembro de 1960.
Nunca cessámos de repetir que as massas populares de Angola, impossibilitadas de exprimir as suas legítimas reivindicações, reclamam com insistência junto dos responsáveis dos movimentos nacionalistas os meios necessários para poderem passar à acção directa, a fim de liquidarem definitivamente o colonialismo português.
Estes acontecimentos são a prova de como o governo português, apesar das propostas apresentadas pelo M.P.L.A. com vista a uma resolução pacífica da questão colonial, se obstina em manter a sua dominação clássica e o seu sistema de opressão.
Nestas circunstâncias, o M.P.L.A. responsabiliza o governo português por qualquer conflito sangrento generalizado que a situação actual possa provocar.
Renovamos o nosso apelo à consciência internacional e aos países afro-asiáticos para que ajam de modo eficaz a favor do direito do povo angolano a dispor de si próprio e para que apoiem, por todos os meios, a luta travada pelo nosso povo pela sua independência.

Conakry, aos 5 de Fevereiro de 1961
O Comité Director do M.P.L.A.

Comunicado do MPLA sobre os incidentes de Luanda: «Les incidents de Luanda» (Conakry)

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