Comunicado do MPLA: «L'affaire du 'Santa Maria'

Cota
0018.000.022
Tipologia
Comunicado
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel comum
Autor
MPLA - Movimento Popular de Libertação de Angola
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2
Observações

Foi publicado no 1º volume de «Um amplo movimento…»


O CASO DO «SANTA MARIA»

Comunicado

A 27 de Janeiro do corrente ano, o Presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (M.P.L.A.) deu uma conferência de imprensa em Conakry durante a qual leu a seguinte declaração:
«Seguimos com vivo interesse o desenrolar da operação Santa Maria conduzida pelo capitão Henrique Galvão.
«É preciso afirmar sem equívoco que não se trata de modo algum de um acto de pirataria, como o governo de Salazar o desejaria fazer crer à opinião internacional.
«Trata-se efectivamente dum primeiro passo, prelúdio de uma série de acções levadas a cabo contra a ditadura que, desde há mais de trinta anos, reina em Portugal.
«Pensamos com efeito que a operação Santa Maria se integra no quadro de um plano insurrecional concebido pelo capitão Galvão e pelo General Delgado.
«Só podemos desejar pleno sucesso a todas as medidas dos democratas portugueses que têm como objectivo derrubar o regime de ditadura fascista – o nosso inimigo comum.
«Mas quanto a um eventual desembarque em Angola do paquete Santa Maria, aguardamos que tal aconteça e que o capitão Galvão defina a sua posição face ao movimento de libertação de Angola e ao direito à autodeterminação dos povos colonizados por Portugal, para que possamos então assumir as nossas próprias responsabilidades.»
Assistiram a esta conferência nomeadamente o Director da Radio-Guinée, os correspondentes da A.F.P., da U.P.I., da Agência Tass, o encarregado de imprensa da presidência da República do Mali, etc...
Tendo certos órgãos feito referência a informações, fantasistas umas e tendenciosas outras, segundo as quais o M.P.L.A. teria dirigido mensagens ao Santa Maria e aconselhado o capitão Galvão a dirigir-se para Conakry, fazemos questão de precisar o seguinte:
1º – O desenvolvimento da luta travada pelo M.P.L.A. para a liquidação do colonialismo português é independente do plano das operações insurreccionais do general Delgado e do capitão Galvão tendentes ao derrube da ditadura de Salazar.
2º – Uma vez mais o nosso movimento deseja ardentemente o sucesso de uma operação desta envergadura, assim como de qualquer outra tentativa que vise a instalação de um regime democrático em Portugal.
3º – A 27 de Janeiro o M.P.L.A. não podia de modo algum «aconselhar ao capitão Galvão o porto de Conakry», o que significaria uma grosseira imiscuição nos assuntos internos da República da Guiné.

Conakry, aos 29 de Janeiro de 1961
Pelo Comité Director do M.P.L.A.
Mário de Andrade, Presidente

Comunicado do MPLA sobre o caso 'Santa Maria'

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