Carta do MPLA a Jonas Savimbi

Conakry, 11 de Janeiro de 1961 Caro compatriota SAVIMBI, Julgamos teres já recebido a nossa carta de 28 de Dezembro último. Estamos convencidos de que o teu pedido de filiação no MPLA é coisa certa. Por isso, permitimo-nos, hoje, ir mais longe nas nossas proposições para o teu engajamento na luta pela libertação nacional. Estarias disposto a dedicar-te, por algum tempo, unicamente à actividade revolucionária? Avançamos para ti o seguinte plano provisório: virias imediatamente para esta cidade, com passagens pagas por nós. Estarias nesta cidade cerca de um mês, a fim de te inteirares de alguns conhecimentos indispensáveis à actividade futura. Depois de esse breve séjour aqui, irias para o Congo trabalhar (por seis meses, em princípio) junto das massas angolanas lá residentes. É claro que o MPLA se encarregaria de te custear as despesas durante esse teu período de militância. Caro compatriota: como já deves ter notado, a fase unicamente de denúncia, no plano internacional, do colonialismo português já terminou. A resolução do Conselho de Tutela respeitante a Portugal e a declaração da Assembleia da ONU sobre a liquidação do colonialismo foram, no que nos toca, o coroamento da nossa longa luta no plano internacional. A imensa maioria da opinião pública e a quase totalidade dos Estados membros da ONU não apoiam o colonialismo português, ao menos na sua forma actual. O Portugal colonialista está isolado. Agora, compete-nos a nós desembaraçar-nos do jugo colonial no plano interno, em Angola mesmo. Começou a fase em que se impõe a nossa acção directa sobre todo o aparelho colonial em Angola. Essa acção só poderá ser levada a cabo pela militância total dos melhores filhos do povo angolano. Aguardando notícias tuas, aceita, caro compatriota, as nossas saudações fraternais.