Quem são eles

Cota
0015.000.001
Tipologia
Texto de Análise
Impressão
Dactilografado
Suporte
Papel comum
Autor
Diário da Manhã
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2
Acesso
Público

Artigo no “Diário da Manhã”

QUEM SÃO ELES?

[cópia dum artigo do Diário da Manhã de 2 de Setembro de 1960]

Não se trata agora de pessoas que têm concepções diferentes das nossas sobre o sistema político que mais convém à vida da Nação. Não são homens que preferem o sistema monárquico ou o sistema republicano; ou que defendem as vantagens de uma organização económica de tipo mais socialista ou de tipo mais liberal; ou que discordam, em nome de qualquer delas, da organização corporativa em que se estrutura a Nação; ou que persistem aferrados a um sonho de liberdade impossível ou de autoridade além da necessária. Nem sequer são os que, algum dia, tresloucadamente, se levantaram numa tentativa de forçar, em benefício dos ideais aceites em cegueira, a ordem estabelecida e só ela susceptível de, numa conquista de progressos, alcançar resultados úteis. Em todos estes pode haver – e tem havido – acima dos desvarios partidaristas, o amor da Nação e da sua integridade, que sobre todas as coisas se respeita, se ama e se defende.
Não é destes homens que se trata, adversários em alguns pontos, mas no essencial portugueses como nós. Trata-se dos que se bandeiam com os inimigos da integridade da Nação, dos que jogam na liquidação nacional – por ódio contra o existente ou por desejo de favorecer as forças de decomposição moral que neste momento actuam em tanta parte contra este Ocidente que é, nas suas linhas mestras, o nosso meio natural.
Alguns deles, quiçá, acreditarão nos "grandes ventos da História", de consequências sempre fatais. É um erro em que laboram. O Papa S. Leão não acreditou nesses ventos e Átila, deixando-se morrer em Budapeste, não voltou a ameaçar Roma. Carlos Martel não acreditou nesses ventos e, quando a onda parecia invencível, foi detida em Poitiers. Os cristãos de Quinhentos não acreditaram também nesses ventos, nem os Portugueses de Setecentos, e os turcos foram detidos em Lepanto e vencidos em Matapan.
O essencial para os homens é ter fé – e agir em conformidade com a sua fé. Não tardará que a História disperse os seus "grandes ventos" e a vontade dos homens volte de novo a encontrar-se com os desígnios da Providência.
Seja, porém, qual for a causa que os levou para os campos da derrota, é indispensável que amarremos ao pelourinho da traição os que no estrangeiro se constituíram agentes – inglórios agentes! – do fim da sua Pátria. Inglórios agentes duma causa que não vingará – e cujas consequências serão só deixá-los chumbados à sua vergonha.
Referimo-nos ontem a alguns, que viviam em Paris. Desde 1957, são assinalados naquela capital, em manobras contra a integridade das províncias portuguesas de África, alguns comunistas entre os quais:
a) Mário Coelho Pinto de Andrade, nascido em 1928 em Golungo Alto, Angola. Vive em Paris desde Julho 1954, amancebado com uma portuguesa que figura em teatros parisienses. Presidente do Teatro Popular Africano. Participante de congressos de escritores, tanto em Paris como em Taskent, na Rússia; bem como do Festival Mundial da Juventude de Varsóvia;
b) Marcelino dos Santos, nascido em Maio de 1929, em Lourenço Marques. Entrado em França em Outubro de 1951 e considerado o principal animador do partido comunista português em França;
c) Viriato Francisco Clemente da Cruz, nascido em Março de 1928, no Quanza Sul. Depois de ter feito, em Luanda, parte do grupo antinacional "Novos Intelectuais de Angola", veio para Lisboa e, poucos dias depois (Setembro de 1957) foi juntar-se em Paris aos outros comunistas;
d) Lúcio Rodrigues [sic] Leite Barreto de Lara, natural de Lourenço Marques, estudou em Lisboa, no Instituto Superior Técnico, e casou-se com uma jovem alemã. Referenciado pela Polícia como comunista activo, foi viver com a mulher para Francfort, na Alemanha Ocidental. Tem-se distinguido ultimamente nas actividades antiportuguesas do partido;
e) Amílcar Cabral, que também usa o pseudónimo de Abel Djassi, engenheiro-agrónomo, comunista, antigo empregado da Companhia Agrícola de Angola (C.A.D.A.), donde saiu dizendo-se doente, para desaparecer em seguida, e só voltar a manifestar-se no estrangeiro.
A indicação destes nomes não é novidade para ninguém e muito menos para as autoridades policiais, que os conhecem desde há muito. É apenas a confirmação, com factos, com nomes, de que há traidores, gente repugnante no seu ódio à Pátria, que não podemos confundir com os adversários merecedores da nossa camaradagem na defesa da Nação. Não podemos confundi-los.

Cópia do artigo do Diário da Manhã «Quem são eles», sobre Mário de Andrade, Marcelino dos Santos, Viriato da Cruz,Lúcio Lara, Amílcar Cabral

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