Carta de Mário de Andrade a Lúcio Lara

Cota
0011.000.030
Tipologia
Correspondência
Impressão
Dactilografado
Suporte
Papel comum
Remetente
Mário Pinto de Andrade
Destinatário
Lúcio Lara
Locais
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
1
Observações

Foi publicado no 1º Vol. de «Um amplo Movimento...»

Carta de Mário de Andrade
[dactilografada]

Paris, le 24 Février 1960
Meu caro Lúcio,

Acabo de receber a tua carta de 22 à qual passo a responder.
Aí tens os papéis que consegui reunir no curto espaço de tempo de que disponho: – notas sobre uma mitologia da «colonização portuguesa»; «massacres em S. Tomé» e um texto aparecido no «Journal des Poètes». Espero que isso sirva para alguma coisa. Les Temps Modernes preparam um número geral sobre a África Negra para o qual fui convidado a colaborar. Farei certamente um longo artigo, no decurso do próximo mês, sobre os fundamentos reais da ideologia colonial portuguesa. É um assunto ainda em discussão.
Leste os artigos de Suzanne Luzignan no «Monde» de 10 e 11 de Fevereiro sobre Angola?
Recebi parte dos autos de acusação (processo da nossa gente). Não percebo como pessoas responsáveis conseguiram «confessar» (o termo é empregue) tanta coisa. Não faço mais comentários, para te deixar a surpresa de ler essa prosa.
Parto no fim da próxima semana e logo te darei pormenores sobre o meu programa de viagens.
Manda para PATRICK DUNCAN – P.O. BOX 1979, Cape Town (South Africa), toda a documentação que tiveres disponível sobre os nossos problemas. É director de «Contact», uma revista sul-africana. Escreveu-me, sob recomendação do Basil [B. Davidson], a pedir informações sobre Angola. Fala, é claro, na nossa correspondência, ele espera justamente receber algo da África.
Como vai a Ruth? Saudações nossas para ambos. A gente do teatro não gosta de falar nas suas démarches. Só esperamos dinheiro, para levar à cena «Gouverneurs de la Rosée» cuja adaptação está pronta.
Vê se me acusas recepção desta. Um abraço do teu,
ass.) M.

P.S. – Aguardo que as autoridades da Guiné concedam o direito de asilo. Fala nisso ao V. [Viriato da Cruz] (insistir junto do Ismael T. [Touré]) logo que recebas notícias.

[Acrescentado à mão: Não descures as medidas de precaução, na correspondência para mim.]

Carta de Mário de Andrade (Paris) a Lúcio Lara

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