Carta de Lúcio Lara a «Bons amigos» e outra a Mário de Andrade

Cota
0011.000.014
Tipologia
Correspondência
Impressão
Dactilografado (2ª via)
Suporte
Papel comum
Remetente
Lúcio Lara
Destinatário
Mário Pinto de Andrade
Locais
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2
Observações

Foi publicado no 1º Vol. de «Um amplo Movimento...»

Excerto da carta a Mário de Andrade e Amílcar Cabral [dactilografada] Marseille, le 12 février [1960] Bons amigos Só hoje tenho oportunidade para vos escrever a carta que anunciei no telegrama que vos enviei, pois desde então foi-me absolutamente impossível escrever, dado que uma avaria no barco que nos devia trazer a Marseille nos fez andar um dia inteiro na rua, por termos largado o hotel às 7 da manhã (hora a que devíamos partir) e só termos partido no dia seguinte às 7 da noite. Tudo se complicou pois e não foi possível escrever-vos como tencionava, para tentar acalmar a Lena [Helena Cabral] que devia estar bastante aborrecida por não ter conseguido contactar com o Abel [Amílcar Cabral]. [...] Nós partimos dia 15 para Casablanca, conforme foi estabelecido entre todos. O V. [Viriato da Cruz], dadas as condições «passeportais» em que se encontrava aproveitou uma oportunidade de ir directamente de avião até Accra tentar resolver os muitos problemas que há por resolver. A nossa ida pª Casa[blanca] visa aproveitar uma hospedagem que nos foi prometida enquanto Conakry ou Accra se não manifestam. Infelizmente não há barcos directos e temos de aguardar aqui em Marseille a ligação marítima que é só no dia 15, às 17 horas. [...] Como estás tu, M.? Pelo Abel soube que estás doente. É bom que tentes recuperar. E a Sarah? Saudades nossas para todos vós. Abraços do ass.) L. [Escrito à mão: Me. [Marselha] 12/2/60] Caro Mário Já depois de ter escrito a carta junta, lembrei-me que durante a Conferência nos foi oferecida a possibilidade de publicar no Comité Afro-Asiático do Cairo uma brochura sobre as colónias portuguesas. A imensidão de problemas com que nos temos debatido desde que a Conf. acabou, não permitiu que dedicássemos a este assunto a atenção que ele merecia. Apenas com o Abel combinei que ele escreveria algo sobre Cabo Verde e Guiné. Eu tenho algumas coisas sobre Angola. A brochura não obedece a nenhum plano especial, seria antes uma colectânea de artigos e talvez de documentos. Eles deram-nos um prazo muito curto para entrega dos originais: até ao dia 28 deste mês. Pensei que talvez fosse possível escreveres algo, por exemplo sobre problemas culturais, ou outro assunto que tenha interesse. Penso ser possível incluir elementos económicos e políticos, na base do que apresentámos na Conf. Se estivesses acessível ter-te-íamos entregue a compilação do caderno, mas dadas as dificuldades actuais creio que tal não é possível. Se contudo puderes preparar algo fá-lo já. Eu logo que chegue a Casa e tenha um endereço comunicar-to-ei e tu enviar-me-ias essa colaboração. Claro que isto não dá massa mas é uma oportunidade que interessa aproveitar. A coisa tinha interesse sair já, por causa das Conferências que se aproximam. Seria publicada em 3 línguas (fr. ing. e árabe). Pensa muito a sério nisto e se puderes depois manda-me. Se não conseguirmos juntar nada que valha a pena será mais uma oportunidade perdida. Dadas as tuas condições físicas talvez fosse mesmo de aproveitar alguns dos teus trabalhos já publicados ou pelo menos prontos para evitar que te esforces. Nada mais por hoje. Um forte abraço ass.) L. [Acrescentado à mão: P.S. Não sei se sabes q. o mac passou a chamar-se «frente revolucionária africana pª a independência nacional das colón. Port.» (FRAIN). Em breve receberás as bases. Se por acaso o m/ primo Ernesto [E. Lara Filho] estiver aí diz-lhe que eu estou aqui até 2ª feira. Ele tencionava vir pª Paris estudar jornalismo em princípios de Fevereiro e ia procurar-te. Abraços.]

Carta de Lúcio Lara (Marselha) a «Bons amigos» [Mário de Andrade e Amílcar Cabral] em Paris e a outra só a Mário de Andrade

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