Lettre de Créance de la FRAIN pour Lúcio Lara

Cota
0011.000.005
Tipologia
Autorização
Impressão
Dactilografado
Suporte
Papel comum
Autor
FRAIN, Comité Director, Amílcar Cabral
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
1
Observações

Foi publicado no 1º Vol. de «Um amplo Movimento...»

Acesso
Público

Carta a José Carlos Horta [dactilografada] Túnis, 6 de Fevereiro 1960 Meu caro Horta De novo só em Túnis e a preparar-me para abalar para mais uma etapa desconhecida, apresso-me a escrever-te. Recebi hoje uma carta tua, que afinal era destinada ao V. [Viriato da Cruz]; que lhe enviarei logo que possa. Ainda não sei onde ele está. Como estava sem passaporte válido e como houvesse uma oportunidade de ele descer até Ghana ou Guinée, ele aproveitou essa oportunidade. Não sabemos porém se se fixou por uns tempos no primeiro daqueles países ou no segundo. Decerto logo que ele tenha oportunidade ecrever-te-á ele mesmo. De facto a imprensa europeia sabotou um pouco a Conferência e é por isso natural que não tenhas recebido notícias detalhadas sobre o que se passou e em particular sobre as colónias port. É difícil dar-te pormenores. Vou-te enviar um jornal com a maior parte das Resoluções, onde encontrarás uma resolução sobre as colónias portuguesas que, para sair com as falhas que saiu, nos deu água pela barba, pois como deves calcular é muito difícil vencer não só o desconhecimento escandaloso que reina em África sobre os nossos problemas, mas ainda a atenção geral que estagna sobre o problema da Argélia, mais próximo, mais conhecido, e por ora, mais premente. Mesmo assim conseguimos fazer prevalecer a tese de que devia sair uma Resolução sobre as colónias portuguesas, tese essa que aproveitou a outros países que queriam também apresentar resoluções particulares. A delegação do MAC teve 4 delegados, e havia também a delegação da União das Populações de Angola com um Delegado. Um certo nº de factores não permitiu que houvesse uma boa colaboração entre as duas Delegações, mas mesmo assim não foi mau. Falou-se bastante nas colónias portuguesas, principalmente em Angola e Guiné. Mesmo assim não descurámos o caso de Moçambique e é possível que em breve possamos estabelecer contactos frutuosos com os teus patrícios. Eu parto pª Marrocos, onde esperarei novas ordens. De lá te escreverei a dar-te a morada, para fazeres o favor de continuar a enviar-me a correspondência que for pª aí. Houve uma nova estruturação do nosso Movimento que em face das condições actuais se passou a denominar FRENTE REVOLUCIONÁRIA AFRICANA PARA A INDEPENDÊNCIA NACIONAL DAS COLÓNIAS PORTUGUESAS, ou abreviadamente, FRENTE REVOLUCIONÁRIA AFRICANA PARA A INDEPENDÊNCIA NACIONAL (F.R.A.I.N.). Pelo Marcel [Marcelino dos Santos] conhecerás alguns pormenores. Quanto à Associação dos n/ estudantes, vai-se tratar disso o mais rapidamente possível. Os teus estatutos servirão de base. É já algo de concreto sobre que a malta poderá trabalhar. Nenhum de nós concordou com o nome que tu sugerias. Mas isso é o menos e espero que em breve te darão notícias acerca desse assunto. Por correio ordinário envio-vos o material que cá publicámos. Foi pouco, mas nós não podíamos apresentar mais. Fez-se uma razoável política de contactos, trabalhou-se nas Comissões e marcou-se sobretudo presença, que se fazia notar imenso e que precisamos de acentuar cada vez mais. Continua a dar as tuas notícias, logo que recebas o m/ endereço em Casablanca, para onde devo partir dia 9 do corrente. Obrigado por tudo e até breve. Vou escrever ao MarceI. Um bom abraço do ass.) L.

Credencial para Lúcio Lara assinada por Abel Djassi (Túnis)

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