Carta de Lúcio Lara a Viriato da Cruz

Cota
0008.000.045
Tipologia
Correspondência
Impressão
Dactilografado (2ª via)
Suporte
Papel comum
Remetente
Lúcio Lara
Destinatário
Viriato da Cruz
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2
Observações

Foi publicado no 1º Vol. de «Um amplo Movimento...»

Acesso
Público

Excerto da carta a Viriato da Cruz [dactilografada] Túnis, 31/12/59 Meu caro Recebi ontem cerca das 4 horas da tarde o teu telegrama. Hoje fui ao N.D. [Neo Destour] ver se conseguia falar com os amigos acerca do teu caso, mas nenhum deles estava hoje visível [...] Tive há dias uma interessante conversa com o Romano1 que me prometeu uma apresentação em breve aos Gerentes da casa em que trabalha. Ele põe à nossa disposição até 15 os copiógrafos deles para imprimirmos umas coisas sobre a nossa terra. Estivemos a ver como havíamos de fazer isso. Parece ser de aconselhar que para ser distribuído aos delegados de todos os países logo no início da conf., devemos apresentar em francês e em inglês um «papel» com uma descrição que realce sobretudo a situação política nas nossas terras: forças em presença, situação actual da luta, interesses de cada partido, enfim uma coisa essencialmente política que ponha de parte a descrição histórica, só se referindo a ela no que for importante para realçar as questões focadas. Não terá interesse também pôr muitos números: será um papel para ser lido num repente, e que dê uma ideia de como está a travar-se a luta. As coisas minuciosas ficariam guardadas para outros documentos e para o que disséssemos na Confer. Dado o facto de estar iminente a tua vinda, esperarei até ao dia 8 por notícias tuas, ou por ti. Se até lá nada tiver recebido teu ou a teu respeito, tentarei redigir cá a coisa. O Mr. H [Dag Hammarskjoeld] passa aqui a 23 e 24 de janeiro. Vou tentar saber se os amigos nos arranjam maneira de lhe entregarmos pessoalmente um memorandum. O Abel [Amílcar Cabral] deu alguma notícia? A Deolinda escreveu; mandou 100,00 para ajudar. Vai tentar falar com o Campos de Oliveira, e fará chegar a Angola o texto do Telegrama e das outras actividades sobre os presos. Segundo ela há por lá muito desânimo; não sei se ela se refere apenas ao sector protestante, mas acrescenta que «ngoma ka ivua kiavulu, kutanduka» como diz o pai dela (eu não percebo...). Parece-me ser uma óptima colaboradora e vou entrar com ela um pouco mais a sério. Uma das moradas que ela me indica é dum marinheiro americano que segundo a última lista está sendo alvo das atenções da pide. Não conseguimos arranjar casa até hoje. [...] Já te apareceram aí os amigos que querem ir estudar pª a DDR [Rep. Democ. da Alemanha]? Um é o Rocha e o outro é um tipo de S. Tomé se não estou em erro (L. Chon [Fret Lau Chon]) de quem tinha muito boas informações quando estava em Lisboa. Creio que ele estava em ligação com o mac. Se for possível orienta-os nos primeiros passos. Eles estão decididos... Não te envio a cópia do artigo, mas envio-te a cópia da exposição. Depois de a leres manda-a pª Paris. Resolvi não adiantar nada quanto a nomes, pois isso tratar-se-á pessoalmente. O resto verás quando chegares. Seria bom que trouxesses já coisas concretas pª a Conferência. Vens de avião? É humanamente impossível escrever qualquer coisa com princípio meio e fim com o Paulo a fazer de automóvel aqui ao lado. Até breve. Um abraço da Ruth. Hoje vamos beber umas coisas à meia noite (os dois) pensando em todos os que lutam... Teu ass.) L.

Carta de Lúcio Lara (Túnis) a Viriato da Cruz

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