«Encontram-se no tribunal...»

Cota
0007.000.072
Tipologia
Comunicado
Impressão
Dactilografado
Suporte
Papel comum
Data
Nov 1959
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2
Observações

Foi publicado no 1º Vol. de «Um amplo Movimento…».

Acesso
Público

Informação sobre os processos [manuscrito – sem data e sem assinatura] [Acrescentado posteriormente: Nov. 59] Encontram-se no tribunal de Luanda os processos de 42 indivíduos, acusados de atentarem contra a segurança externa do Estado. Figuram nessa lista dentre outros os seguintes nomes: Ilídio Machado, Calazans Duarte, Arquitecto Veloso, Julieta Gândara, Contreiras da Costa, Nobre Dias, José Luciano Meireles e uma série de nomes que se não fixaram. Dos processos cuja cópia foi feita no tribunal, pelas conclusões tiradas chega-se à conclusão que os indivíduos acusados nada omitiram das actividades em que tomaram parte, de tal modo que a Polícia nos relatórios apresentados no tribunal chega à conclusão de que o movimento existente, na altura das prisões entrou na sua fase de declínio por se encontrarem presos todos os indivíduos de que (tomaram) se compunha o grupo. Após os depoimentos de cada indivíduo segue uma biografia de cada um, feita pela polícia, através dos depoimentos que obtiveram. Fala-se dos vários movimentos que se formaram, tendo-se afirmado que Ilídio Machado fundou o P.C. em data determinada mas que esse movimento fracassou. Depois surge o movimento de Libertação dos povos de Angola. Não estou certa se é essa a denominação, dada a consulta rápida desses processos. Um dos indivíduos refere-se às reuniões realizadas em Casa da Julieta Gândara, da hipótese sugerida por ela de envio de indivíduos para Gana para se formarem e estarem aptos a entrar em Angola quando fosse oportuno; fala-se de festas realizadas a pretexto de se reunirem; das deliberações tomadas, nesses encontros; da Deolinda Rodrigues que era tradutora de inglês do grupo, da sua adesão ao movimento, de indivíduos de barcos estrangeiros portadores de revistas e doutros documentos, alguns dos quais se encontram presos. Mário António foi preso e solto depois. Lúcio Lara também é citado no processo, julgo que por troca de quaisquer documentos, salvo erro com Franco de Sousa. Parece que existe um mandado de captura contra Deolinda Rodrigues. Ao que parece o Julgamento deve ter lugar em Dezembro – em princípio a 5. Os indivíduos presos não pretendem defender-se das suas actividades, mas transformar o julgamento numa acusação do colonialismo. Pensa-se na escolha dum (indivíduo) advogado de Lisboa que defenda a causa delas. Creio que nesta altura já devem ter acertado nas démarches nesse sentido. Pretendem que seja o Palma Carlos segundo o desejo expresso dos indivíduos de Angola. A única dificuldade serão as possibilidades monetárias para fazer face aos encargos. Pensa-se também que a intervenção de juristas estrangeiros nesse processo seria ideal e que tudo que os indivíduos que estão fora pudessem fazer nesse sentido seria óptimo. Prevê-se ainda que esses mesmos indivíduos façam tudo o que puderem na divulgação do que se passa em Angola.

«Cópia de uma comunicação de pessoa amiga: Encontram-se no tribunal...» sobre os processos (Novembro 1959)

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