Carta de Mário de Andrade a Lúcio Lara

Carta de Mário de Andrade
[manuscrita]1

Paris, le 5 Octobre 59
[Acrescentado à mão por L. Lara: R 7/X/59]
Meu caro Lúcio,

Mais duas informações colhidas nas cartas do H.M. [Hugo de Menezes]: ele ficou encarregado pelo Ministro da Informação de dirigir semanalmente um programa radiofónico em português. Ou melhor: fará duas emissões por semana. Falará, na primeira emissão, dos recentes acontecimentos de Bissau.
Por outro lado, sugere que se escreva (em papel timbrado) ao K.F. [Keita Fodéba], Ministro do Interior, lembrando-lhe o memorandum que lhe foi entregue.
Aí tens a cópia da nossa comunicação.
Vai também a tal pag. 12 da Gauche que acaba de sair, bem como a cópia do texto que enviei ao B. Davidson. Recebeste 25 ex. do m/ número? Peço-te que me mandes 3 cópias dactilografadas dessas páginas – Intimidation et vague d’arrestations – pois queria propor aqui a alguns jornalistas. Tenho dificuldades em passar à máquina.
Acuso recepção da tua carta de 2. Fiz a assinatura por 3 meses do I.A.P. [InterAfrique Presse].
O E.S. [Guilherme Espírito Santo] foi à Bélgica e deve ter regressado para falar com o Senghor que prometeu intervir no seu caso. Ainda não o vi.
Urgente que o Engenheiro [Amílcar Cabral] venha cá para fora. Não achas? (Av. Infante Santo. Lote Particular Nº 2).
É bom tomar algumas precauções no envio de documentos. Aguarda indicação duma morada segura para essas coisas importantes. Eu não posso guardar comigo tais papéis. Utiliza, por enquanto, a morada do meu editor, com aviso prévio. Escreve-me apenas uma vez por semana (da Ruth para a Sarah). Como fazer chegar os números: G. [La Gauche] a Lisboa e Luanda?
Vou dar indicações a um amigo belga, que ele envie para Lisboa, mas para Angola...
Diz algo sobre isso. Um abraço do
Mário