«Angolanos!»

Cota
0003.000.020
Tipologia
Manifesto
Impressão
Dactilografado (2ª via)
Suporte
Papel comum
Autor
Comité Secreto da Independência
Data
Mar 1957
Idioma
Conservação
Mau
Imagens
2
Observações

Foi publicado no 1º Vol. de «Um amplo Movimento...»

Acesso
Público

Manifesto do Comité Secreto da Independência [dactilografado] ANGOLANOS Este manifesto é distribuído e destinado aos naturais de Angola e é redigido pelo Comité Secreto da Independência, no pleno uso dos direitos que lhe são conferidos pelo longo período de preparação, sob duras perseguições e violências, exercidas pelos tradicionais métodos dos esclavagistas de Portugal. A Independência absoluta de Angola é uma fatalidade no ciclo histórico dos povos. E, sendo assim, é inabalável e inflexível o nosso desideratum de levar a bom termo a liberdade de acção de um território riquíssimo e que se mantém num estado atrasado, mercê do criminoso propósito dos esclavagistas de Portugal. Não estamos sós ! Algumas das mais poderosas nações do mundo advogam a nossa causa. Mesmo no Continente africano, temos a ajuda de nações florescentes e novas. Fixai, patriotas, que a nossa vida já não nos pertence; – ela é destinada à defesa da Independência da nossa Pátria, da nossa Angola Livre e Eterna. Consta que, em breve, vem a Angola o ministro de defesa de Portugal. Ele, não só para nós como inclusivamente para milhões de patrícios seus, é o símbolo do despotismo. – Aos olhos deste Comité esse ministro é, não só um déspota, mas analisando-o melhor, um polichinelo. – Nos corredores da Otan, em Paris, quando esse palhaço fardado passa, há sorrisos e cochichos significativos. Certamente as nossas guerrilhas motorizadas lembram a esse palhaço que ele não é Napoleão como enfatuadamente se apelida junto do seu concubino Salazar. E, posto isto, eis o programa que vamos executar, inflexivelmente, mesmo que para tanto as nossas chanas e as nossas montanhas tenham de ficar encharcadas de sangue: – Constituição do Governo Provisório, que fará a Declaração da Independência como País Soberano e República Presidencialista. – Constituição da Assembleia Legislativa por eleições livres, dos Ministérios e do Corpo Diplomático. – Abolição do trabalho compelido. – Autorizar e intensificar a imigração de elementos estrangeiros. – Toda a actividade agrícola, comercial e industrial será dividida em pequenas empresas, para melhor distribuição das riquezas. – Criação da moeda no âmbito esterlino. – Criação do Banco Nacional de Angola. – Autorização para a instalação de casas bancárias estrangeiras. – Construção definitiva das estradas rodoviárias e ferroviárias. – Imediata autorização para a livre exploração mineira do território. – Criação de uma Universidade Geral. – Criação do Departamento nuclear. – Revisão das fronteiras com os países limítrofes. – Liberdade de Culto. – Nomeação de uma Comissão para a elaboração do Dicionário Nacional. Na hora prevista e previamente marcada, o choque inicial com as forças esclavagistas será rude, – mas o nosso objectivo é sagrado e temos a ajuda dos povos civilizados que preparam a Paz do mundo. E a paz do mundo só se consegue quando acabarem as violências dos esclavagistas, como no caso dos esclavagistas de Portugal, que, propositadamente, dificultam o progresso da nossa Terra. Não haja ilusões ! Os tais esclavagistas vão procurar estabelecer a confusão, com as suas habituais palavras de intriga. Mas esta é a verdade: - Nós queremos ser livres. Nós queremos ter boas relações com todos os países do mundo. Nós não ligamos importância às frases feitas dos esclavagistas. Nós defendemos a Civilização que melhores condições de vida proporcione aos povos do mundo. E para defesa destes princípios, temos os nossos canhões, a nossa armada, a nossa aviação, as nossas armas nucleares. E estes elementos não são frases feitas. Todos eles teremos à disposição no momento preciso, em troca das nossas inesgotáveis riquezas materiais. E à sombra da nossa Bandeira (branco e negro) os nossos vindouros viverão felizes e em Paz com Deus. Angola – Março 1957

Manifesto destinado aos «naturais de Angola» e redigido pelo «Comité Secreto da Independência»

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