Texto de M. Andrade sobre Keita Fodeba

Cota
0002.000.012
Tipologia
Texto de Análise
Impressão
Manuscrito
Suporte
Papel comum
Autor
Mário Pinto de Andrade
Data
Idioma
Conservação
Razoável
Imagens
7
Observações

O documento 0002.000.013 vinha agrafado a este documento.

Acesso
Público

Celebração em Lisboa da Jornada
21 de Fevereiro 1954

    Hoje e pela primeira vez em língua portuguesa, sobe à cena um “sketch”, um apontamento teatral de Keita Fodeba - O Mestre Escola. Salvas as devidas proporções, naturalmente, entre a representação original e esta a que dentro de breves momentos vão assistir, a cena passa-se em qualquer parte da África Negra e põe-nos diante dum problema educativo, dois sistemas diferentes de enriquecer o processo e o conteúdo mental dos povos. É a luta da imposição da cultura europeia que está em jogo.
    Mas - e deixemos isso - o autêntico, o tradicional Teatro Africano é drama - drama ritual. Música, dança e narrativa. 
    Interpretação de lendas ou dum simples poema.
    Alguns homens e mulheres reunidos à volta do fogo e o resto é drama ritual.
    “Corre pois DJOLIBA, venerável Niger, segue o teu caminho e cumpre através do Mundo Negro a tua missão generosa. Enquanto as tuas ondas límpidas rolarem neste país, jamais os celeiros ficarão vazios e pela noitinha, elevar-se-ão cantos febris sobre as sanzalas para alegrar o povo Malinké.”
    “Corre e vai mais longe, através o mundo inteiro, estancar a sede dos insaciados e dizer à Humanidade que o bem desinteressado é o único que vale, o único que significa absolutamente (diz a canção do Djoliba).
    Ou essa bela canção - Meia Noite - que vai ouvir recitar que é teatro também.
    O drama de Balaké e da sua bem amada Sona.
    Do esforço de Keita Fodéba na formação da sua troupe concluímos que o Renascimento Cultural Africano entra positivamente no seu caminho definitivo, pelo menos em servir de exemplo à maneira francesa. Porque uma cultura como a que nos transmitiram os nossos Antepassados Africanos e os outros vêm abafando há 5 séculos - uma cultura dizia eu - não morre enquanto os homens teimarem viver, teimarem fundar com os outros homens seus irmãos a Cidade Nova onde não haja lugar para alegrias episódicas e reticentes e os votos de hoje sejam realidades vividas ao dia a dia.
Como Aimé Césaire eu direi:
Hosana ao círculo perfeito do mundo e à sua concordância perfeita!
Vou ouvir – Minute(?)

Texto de M. Andrade sobre Keita Fodeba. Tem uma capa que diz «Celebração em Lisboa da Jornada - 21 de Fevereiro 1954»

A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.

Nomes referenciados