Paulo Lara
Paulo Lara (1956-2022) passou a infância e adolescência no exílio com os pais Ruth e Lúcio Lara, conhecido dirigente do MPLA. No Congo-Brazzaville fez os estudos primários e secundários. Ainda muito jovem acompanhou o pai e outros combatentes do MPLA em zonas da 2ª Região (Cabinda) e da 3ª Região (leste de Angola). Em Abril de 1972 foi enquadrado nas forças guerrilheiras e teve o seu "baptismo de fogo" em Sanga-Planície e no ataque ao quartel português de Miconge (Cabinda).
Chegou a Luanda em Novembro de 1974, continuando um percurso político e militar no MPLA e nas FAPLA, com participação activa nos confrontos antes e após a Independência. Teve formação especializada em Cuba (1975-1976) e na ex-União Soviética (1981-1985) e desempenhou posteriormente diversos cargos na hierarquia militar, não só no terreno de batalha mas também a nível de análise e estratégia e na reestruturação das Forças Armadas.
Em 1991, com o fim do regime monopartidário, participou na formação das Forças Armadas Angolanas (FAA). Com o retorno à guerra em Angola após as eleições de 1992, foi membro do Estado-maior General e cumpriu várias missões militares.
Estabelecida a paz em Angola em 2002, o General Paulo Lara solicitou e obteve em 2004 a interrupção da actividade militar para prosseguir a formação académica. Licenciou-se em Relações Internacionais, dedicando-se também à investigação sobre a luta pela independência de Angola, para a qual defendia a necessidade de uma visão abrangente e não partidária. Participou em diversas Conferências nacionais e internacionais relacionadas com o tema.
Valorizando a importância da preservação da documentação e dos testemunhos orais, foi co-fundador e um dos grandes impulsionadores da Associação Tchiweka de Documentação. Dirigiu o Projecto Angola - Nos Trilhos da Independência e foi co-produtor do Documentário Independência. Nos últimos anos, investiu grande parte do seu tempo e energia na criação do Portal da ATD.
Documentos referenciados
Internato Augusto Ngangula (Frente Leste, MPLA)
3ª Região Militar, Internato Augusto Ngangula (Lupa, 1971). Partida de Lúcio Lara para Lusaka, depois de sua passagem pelo Ngangula onde se vai construir o novo Instituto. Professor Laureano Baião, Paulo Lara.